Postagem especial pelos 8 anos do PQPBach e dedicado a todos que nos têm prestigiado nesta viagem! (original postado em 15.11.14)
Orquestra Brasileira de Câmara Coro de Belo Horizonte Maestro Michel Corboz (Suíça)
REPOSTAGEM
Helle Hinz (Dinamarca) – soprano Brigitte Balleys (Suíça) – contralto Marcus Tadeu (Brasil) – tenor Jaques Bona (França) – baixo François Chapelet (França) – órgão Maria Vischna (Brasil) – violino Manfred Clement (Alemanha) – oboé
No início do século XVIII, nos primórdios da mineração do ouro, a pequena capela erguida na Vila do Ribeirão do Carmo, em Minas Gerais, deu lugar à nova igreja maior e matriz, elevada a Sé Episcopal, em 1745. A vila, por sua vez, havia sido transformada na Cidade de Mariana, em homenagem à Mariana de Austria, rainha de Portugal, esposa de D. João V.
Surgiu, pois, a Catedral de Mariana que, em novembro de 1752, por vontade do soberano D. José 1, sucessor de D. João V, recebeu seu majestoso órgão, construído por volta de 1700 na Alemanha, fruto provável do génio criativo do mestre organeiro Arp Schnitger (1648 – 1719) ou de sua escola. Semelhanças inconfundíveis com certas características técnicas e artísticas de um órgão construído por Schnitger na mesma época, instalado na cidade de Faro, em Portugal, fazem supor que o instrumento de Mariana tenha a mesma origem.
Definitivamente instalado na nova catedral em 1753, abrilhantou, pela primeira vez, a festa da Assunção da Nossa Senhora, padroeira da diocese, pelas mãos – ao que tudo leva a crer – do organista Padre Manoel da Costa Dantas.
Obra prima do barroco alemão, o órgão da Catedral de Mariana, um dos poucos ainda existentes no mundo, é de importância histórica imensa, pois sua sonoridade incomparável acompanhou, durante quase dois séculos, a evolução da música sacra no Brasil, que tem nas terras alterosas das “Gerais” seu berço e nos artistas e compositores mineiros seus cultores por excelência. Até que, desgastado pelo tempo e pelo descaso que tanto penaliza os maiores monumentos da cultura nacional, aquele instrumento precioso foi ouvido, pela última vez, em 8 de dezembro de 1937.
47 anos depois, no dia 8 de dezembro de 1984, dia glorioso da Conceição de Nossa Senhora, ergueu-se novamente a voz jubilante do órgão de Mariana, sob os acordes da Missa em Fá Maior, de José Emerico Lobo de Mesquita – um dos mestres do barroco mineiro – e do Concerto Nº 4 em Fá para Órgão e Orquestra de Haendel, executadas por um grande intérprete da França, François Chapelet.
Este memorável acontecimento teve sua origem em 1978, quando por iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil – Alemanha, de São Paulo, um grupo de empresas alemãs estabelecidas no Brasil assumiu a responsabilidade pela completa restauração do órgão. Ainda no mesmo ano voltou para a Alemanha toda a máquina do instrumento, que dali saíra quase 300 anos antes, onde foi restaurado, em Hamburgo, pela Casa “Rudolph von Beckerath Orgelbau GmbH”, um dos mais renomados e tradicionais estabelecimentos do gênero em todo o mundo.
A organização Siemens, que além do seu engajamento econômico, sempre compreendeu sua existência no Brasil igualmente como um compromisso do estreitamento das relações culturais e artísticas entre os países, orgulha-se de ter contribuído decisivamente para a recuperação desta raridade histórica e, assim, para o fortalecimento dos laços humanísticos entre o Brasil e a Alemanha. (extraído da contra-capa do LP)
Disco # 1
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 01 Missa em Fá Maior – 1. Kyrie 02 Missa em Fá Maior – 2. Gloria – Gloria 03 Missa em Fá Maior – 3. Gloria – Cum Sancto Spiritu 04 Missa em Fá Maior – 4. Credo – Credo 05 Missa em Fá Maior – 5. Credo – Et incarnatus 06 Missa em Fá Maior – 6. Credo – Crucifixus 07 Missa em Fá Maior – 7. Credo – Et ressurrexit 08 Missa em Fá Maior – 8. Credo – Et expecto 09 Missa em Fá Maior – 9. Credo – Et vitam 10 Missa em Fá Maior – 10. Sanctus – Sanctus 11 Missa em Fá Maior – 11. Sanctus – Benedictus 12 Missa em Fá Maior – 12. Aguns Dei
Georg Friedrich Haendel (1685 – 1759) 13 Concerto nº 4 em Fá Maior – 1. Allegro 14 Concerto nº 4 em Fá Maior – 2. Andante 15 Concerto nº 4 em Fá Maior – 3. Adagio 16 Concerto nº 4 em Fá Maior – 4. Allegro
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 17 Ladainha in Honorem Beatae Mariae Virginis – 1. Ladainha 18 Ladainha in Honorem Beatae Mariae Virginis – 2. Agnus Dei
Disco # 2
Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) 19 Beatus vir (Salmo 111/112) 1. Beatus vir 20 Beatus vir (Salmo 111/112) 2. Potens in terra 21 Beatus vir (Salmo 111/112) 3. Beatus vir 22 Beatus vir (Salmo 111/112) 4. Gloria et divitiae 23 Beatus vir (Salmo 111/112) 5. Beatus vir 24 Beatus vir (Salmo 111/112) 6. Exortum est in tenebris 25 Beatus vir (Salmo 111/112) 7. Jucundus homo 26 Beatus vir (Salmo 111/112) 8. Beatus vir 27 Beatus vir (Salmo 111/112) 9. In memoria aeterna 28 Beatus vir (Salmo 111/112) 10. Beatus vir 29 Beatus vir (Salmo 111/112) 11. Paratum cor eius 30 Beatus vir (Salmo 111/112) 12. Peccator videbit 31 Beatus vir (Salmo 111/112) 13. Beatus vir 32 Beatus vir (Salmo 111/112) 14. Gloria Patri, et Filio
Johann Sebastian Bach (Alemanha 1685-1750) 33 Concerto Duplo em Ré Menor para violino, oboé e orquestra- 1. Allegro 34 Concerto Duplo em Ré Menor para violino, oboé e orquestra- 2. Adagio 35 Concerto Duplo em Ré Menor para violino, oboé e orquestra- 3. Allegro
Os sons antigos de Minas estão de volta. O Coral Cidade dos Profetas, de Congonhas, MG, lançou um CD em homenagem a um dos maiores compositores brasileiros do período colonial: José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, nascido no Serro, em 1746. O CD reúne algumas das mais belas obras do artista.
REPOSTAGEM
.Para marcar a ocasião, o grupo fez uma série de concertos gratuitos, em Congonhas, Belo Horizonte e São Brás do Suaçuí, sob a regência do maestro Herculano Amâncio, com acompanhamento de orquestra e solistas convidados. Os CDs foram distribuídos também gratuitamente para os presentes.
.O Coral Cidade dos Profetas
Fundado em 1988, por um grupo de pessoas interessadas em aprender música, o coral surgiu com a preocupação em aliar arte musical à arte arquitetônica barroca, grande patrimônio da cidade histórica de Congonhas. Ao se especializar na interpretação de música sacra antiga, notadamente a Colonial Mineira, o grupo se tornou um dos principais em atividade a divulgar este inigualável patrimônio imaterial de Minas Gerais (http://serromg.blogspot.com.br/2009/02/coral-cidade-dos-profetas-lanca-cd-com.html)
José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (Vila do Príncipe, hoje Serro, MG, 1746- Rio de Janeiro, 1805) 01. Missa em Fá Maior – 1. Kyrie 02. Missa em Fá Maior – 2. Gloria – Gloria 03. Missa em Fá Maior – 3. Gloria – Cum Sancto Spiritu 04. Missa em Fá Maior – 4. Credo – Credo 05. Missa em Fá Maior – 5. Credo – Et incarnatus 06. Missa em Fá Maior – 6. Credo – Crucifixus 07. Missa em Fá Maior – 7. Credo – Et ressurrexit 08. Missa em Fá Maior – 8. Credo – Et expecto 09. Missa em Fá Maior – 9. Credo – Et vitam 10. Missa em Fá Maior – 10. Sanctus – Sanctus 11. Missa em Fá Maior – 11. Sanctus – Benedictus 12. Missa em Fá Maior – 12. Aguns Dei 13. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 1 – 1. Tam quam ad latronem 14. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 1 – 2. Quotidie apud vos eram 15. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 1 – 3. Cumque injecissent 16. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2
And disappointed really problem of skin cheap viagra out get what allergies prestigious the minutes.
– Responsório 1 – 4. Quotidie apud vos eram 17. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 2 – 1. Tenebrae 18. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 2 – 2. Et inclinato capite 19. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 2 – 3. Exclamans Jesus 20. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 2 – 4. Et inclinato capite 21. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 3 – 1. Anima mea dilectam 22. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 3 – 2. Quia non est 23. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 3 – 3. Insurrexerunt 24. Matinas de Sexta-Feira: Noturno nº 2 – Responsório 3 – 4. Quia non est 25. Antiphona de Nossa Senhora – Salve Regina
Coral Cidade dos Profetas Interpreta Lobo de Mesquita – 2013
Coral Cidade dos Profetas e artistas convidados
Regente: Herculano Amâncio . BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC 296,0 MB | HQ Scans 9,5 MB |
A glória do Barroco Francês Corte de Luis XIV, o Rei Sol Grandes mestres Grandes intérpretes Registros históricos
REPOSTAGEM
As características essenciais do estilo francês eram: a forma clara e concisa, peças instrumentais de expressão condensada, movimentos curtos e muito simples. A ópera, de um gênero totalmente diverso da italiana, era voltada, sobretudo, para a dança. Era como se a forma clara e rígida das danças tivesse sido criada especialmente para que se pusesse, em música, o estilo desta nação. (http://ciaesons.blogspot.com.br/2010/06/musica-barroca-os-estilos-italiano-e.html)
CD 01/10
Marc-Antoine CHARPENTIER (1643-1704)
Te Deum, H146 Chorale des Jeunesses Musicales de France Orchestre de Chambre Jean-François Paillard 1953
Jean-Baptiste LULLY (1632-1687)
Te Deum Ensemble Vocal “À Coeur Joie” de Valence Orchestre de Chambre Jean-François Paillard 1975
CD 03/10
Nicolas BERNIER (1665-1734)
Motet du Saint-Esprit Jocelyne Chamonin (soprano) Bernard Fonteny (cello) Marie-Claire Alain (orgue) 1966
Louis MARCHAND (1669-1732)
Livre d’orgue, Livre I, Ier ton Jocelyne Chamonin (soprano) Bernard Fonteny (cello) Marie-Claire Alain (orgue) 1966
Marc-Antoine CHARPENTIER (1643-1704)
Messe pour les trépassés, H2 (beginning)
Dies Irae, H12
Motet pour les trépassés “Miseremini mei”, H311
Messe pour les trépassés, H2 (conclusion) Gulbenkian Choir and Orchestra, Lisbon 1974
CD 05/10
Jean GILLES (1668-1705)
Requiem Chorale Phillipe Caillard Orchestre de Chambre Jean-François Paillard 1976
Michel-Richard DELALANDE (1637-1726)
Trois leçons de ténèbres – 3e Leçon de Jeudy Saint Micaëla Etcheverry (mezzo-soprano) Jean-Louis Charbonnier (viola de gamba) Laurence Boulay (harpsichord & organ) 1978
CD 06/10
Guillaume Gabriel NIVERS (c.1632-1714)
Livre contenant cent Pièces de tous les tons d’Eglise – Suite de 2e ton Orchestre de Chambre Jean-François Paillard 1966
Nicolas de GRIGNY (1672-1703)
Messe “Conctipotens genitor Deus” – Il Gloria Les Chantres de la Chapelle Marie-Claire Alain (orgue) 1997
Francois COUPERIN (1668-1733)
Messe à l’usage ordinaire des Paroisses
Messe pour les Couvents de religieux et religieuses Compagnie Musicale Catalane Marie-Claire Alain (orgue) 1990
CD 09/10
Jean-Philippe RAMEAU (1683-1764)
Premier Livre de Pièces de clavecin
Cinq Pièces pour clavecin seul Laurence Boulay, harpsichord 1980
Francois COUPERIN (1668-1733)
L’Art de toucher le clavecin
Deuxième Livres de Pièces de clavecin, 6e Ordre Laurence Boulay, harpsichord 1980
Jacques Champion DE CHAMBONNIÈRES (1601/2-1672)
Pavane
La Volte Laurence Boulay, harpsichord 1980
Michel CORRETTE (1707-1795)
Prélude
La Fürstenberg Laurence Boulay, harpsichord 1980
Joseph-Nicolas-Pancrace ROYER (c.1705-1755)
Pièces de clavecin Laurence Boulay, harpsichord 1980
Jean-Henry D’ANGLEBERT (1629-1691)
Pièces de clavecin Laurence Boulay, harpsichord 1980
Joseph Bodin DE BOISMORTIER (1689-1755)
Première Suite de pièces de clavecin, op.59 Laurence Boulay, harpsichord 1980
Louis COUPERIN (c.1626-1661)
Prélude in A minor
Branle de Basque
Gigue in C minor
Gaillarde
Sarabande et canaries Laurence Boulay, harpsichord 1980
Francois COUPERIN (1668-1733)
Concert royal no.4
Deuxième Livre de pièces de clavecin, 9e Ordre
Troisième Livre de pièces de clavecin, 15e Ordre Françoise Lengellé, harpsichord 1976
Lisboa abrigava no século 17 uma cultura musical exuberante e um grande número de igrejas, conventos e mosteiros que mantinham uma refinada tradição de música polifônica.
Entre os mais proeminentes compositores atuantes em Lisboa nos anos iniciais do século 17, cuja música só recentemente começou a receber o reconhecimento que merece, estão Manuel Cardoso, Duarte Lobo, Filipe de Magalhães e Manuel Rodrigues Coelho, que tiveram todos boa parte de suas músicas impressas por editoras de Lisboa e de Antuérpia (hoje na Bélgica).
Esses músicos tiveram diferentes posições de proeminência nas seguintes instituições: Catedral, Igreja da Casa de Misericórdia, Hospital del Rey, Convento do Carmo e Capela Real.
A capela e palácio reais – o Paço da Ribeira, construído por Dom Manuel por volta de 1500 – ficavam à beira-rio. Exceto por algumas alterações significativas feitas em torno de 1610 como parte dos preparos para uma visita de Felipe III da Espanha (a qual na verdade só aconteceu em 1619) a capela permaneceu intacta até o terremoto de 1755, que destruiu grande parte da região central de Lisboa. Registros pictóricos do palácio real no século 17 mostram o edifício completo, com suas alas de estilo clássico acrescentadas por volta de 1586.
De 1580 e 1640 Portugal esteve anexada à Espanha sob os reis Felipe II, III e IV, da Casa de Habsburgo. Durante esse período houve constante trânsito de músicos e de repertórios musicais entre os dois países, especialmente entre Lisboa e Madri. Tanto o português quanto o castelhano eram falados – e cantados – na corte de Lisboa.
Os monarcas espanhóis eram todos amantes e conhecedores de música – e até mesmo compositores -, permanentemente interessados no cultivo da música nas suas cortes e capelas. Quando Felipe II visitou Lisboa pela primeira vez, em 1581-82, mostrou-se claramente desapontado com o padrão musical encontrado ali, queixando-se não apenas de que o coro da capela era fraco, mas também de que não havia organistas competentes, e mandou imediatamente buscar seu organista em Madri, Hernando de Cabezón, filho do grande Antonio de Cabezón.
Esta situação insatisfatória levou o rei a solicitar em 1592 do capelão-mor, o Bispo Jorge de Atayde, que redigisse um estatuto regulando a organização da Capela Real – um documento que fornece importantes informações sobre o tipo e quantidade de músicos e clérigos a serem empregados ali no final do século 16 e seus respectivos salários.
Os músicos incluíam um mestre de capela (diretor do coro polifônico), 24 cantores (o que permitia 6 por voz na música a quatro vozes), dois organistas, dois baixões (fagotes ou outros instrumentos baixos) e um cornetista [tocador de corneto, instrumento de bocal em madeira, diferente de corneta].
A capela era frequentada também por 22 meninos “de boa criação”, quatro dos quais, os “moços de estante”, em treinamento contínuo para sua futura contratação como cantores. A essa lista podem se acrescentar os 30 capelães, procedentes de um número de diferentes ordens religiosas, 26 dos quais eram responsáveis por cantar o cantochão durante os serviços litúrgicos e dos quais se requisitava, portanto, que tivessem boa voz e bom domínio do latim.
Em 1608, seguindo a solicitação de Atayde por reformas, o rei (Felipe III da Espanha) reduziu o número de músicos da capela a 17 cantores (quatro tiples [sopranos], cinco contraltos, cinco tenores e três “contrabaixos”) e a 24 capelães.
No final do século 16 diversos espanhóis haviam ocupado posições importantes na Capela Real portuguesa. Esses incluem Francisco Garro (~1556-1623), que veio em 1524 da cidade de Sigüenza para suceder Antonio Carreña (~1525-~1590) como mestre de capela, e os organistas Juan de Lucerna e Sebastián Martínez Verdugo. Esses dois seriam sucedidos em 1602 por Diego de Alvarado (~1643) – um basco que já havia estado a serviço da coroa espanhola – e em 1604 pelo organista português Manuel Rodrigues Coelho (~1555-1635).
Coelho havia estudado em Elvas (Portugal) e passado algum tempo como organista tanto em Badajoz (Espanha) quanto em Elvas antes de vir para Lisboa em 1602 para assumir um cargo similar. Tanto Alvarado quanto Coelho ainda trabalhavam na Capela Real quando em 1623 Filipe de Magalhães (~1571-1652), que havia ingressado na Capela Real como capelão em torno de 1596, sucedeu a Francisco Garro como mestre de capela – posto em que permaneceu até sua aposentadoria em março de 1641, tendo publicado dois volumes de polifonia vocal em 1636: um livro de versões do Magnificat e outro de Missas.
Como Cardoso e Lobo, Magalhães havia estudado na Catedral de Évora com Manuel Mendes. Enquanto capelão da Capela Real, ensinava cantochão e polifonia aos cantores e dirigia o coro na ausência do mestre de capela Francisco Garro, desempenhando ainda as funções de mestre de capela na Igreja da Casa de Misericórdia. Em 1623, quando finalmente sucedeu a Garro, Magalhães já era um homem maduro, na casa dos cinquenta, e respeitado pelos seus colegas músicos.
Em 1639 a corte real em Lisboa havia se tornado uma instituição exuberante no aspecto musical que, paralelamente aos músicos da capela, tinha um grande conjunto de instrumentistas à disposição. Quando em 1640 Dom João IV ascendeu ao recém-restaurado trono português, essa vida musical se beneficiou das tradições musicais e litúrgicas de que os Duques de Bragança desfrutavam em seu palácio e capela em Vila Viçosa. Lamentavelmente, a famosa biblioteca musical de Dom João IV – que também havia sido transferida de Vila Viçosa para o palácio em Lisboa – foi destruída no terremoto de 1755, porém sobrevive seu índice parcial, impresso em 1649, como um excitante registro da música que era apreciada e provavelmente executada nos círculos reais.
Missa para a Festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria na Capela Real, ~1635
Na Capela Real, os ofícios litúrgicos eram rezados ou cantados diariamente de acordo com o uso romano, e nos dias festivos mais importantes do calendário litúrgico a missa era celebrada com muita pompa e cerimônia, e grande elaboração musical. Nas festas maiores como a Páscoa e Corpus Christi, e nas principais festas marianas, a cidade inteira vibrava com música e dança e procissões coloridas pelas ruas. Uma dessas festas era a da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria em 8 de setembro, dia no qual se celebrava também uma das festas marianas mais populares em Portugal, a de Nossa Senhora da Luz. Havia diversas igrejas dedicadas a ela país afora, incluindo uma em Lisboa que, a partir do relato da presença de Felipe III sua missa do domingo 8 de setembro de 1619, tornou-se um dos mais populares centros de romarias do século 17.
Há uma vívida descrição contemporânea do estilo da celebração dessa festa em Pedrógão Grande (uma pequena cidade na região de Portugal), a qual retrata um animado festival que incluía procissão bem como dança e música de caráter popular tocada em instrumentos como harpa, rabequinhas, charamelas e trompetes, touradas, entretenimentos teatrais e jejum.
Esta gravação apresenta uma reconstrução parcial da Missa Alta como poderia ter sido celebrada nesse dia de festa na Capela Real, conjugando música vocal e para órgão de compositores dessa capela, tendo como núcleo a Missa Ó Soberana Luz, de FILIPE DE MAGALHÃES, com apoio de outras peças apropriadas a esse tema mariano. O título da missa de Magalhães sugere uma associação com Nossa Senhora da Luz, e a missa pode ter sido baseada num vilancico [ou vilancete, canção popular de tema religioso, em espanhol villancico], talvez de autoria do próprio Magalhães. (Em muitos vilancicos da época, compostos para festas marianas, Maria era designada como rainha – Soberana Reyna ou La Niña Soberana – e se fazia referência a sua luz radiante.
Infelizmente não sobrevive nenhum vilancico desses com origem em Portugal, mas a madrigalística villanesca [um gênero aparentado] La luz de vuestros ojos [faixa 22], de Francisco Guerrero, na qual Maria é tratada inequivocamente como Soberana Maria, fornece uma contraparte em estilo mais popular à missa de Magalhães – levando em conta que a biblioteca de Dom João IV continha uma cópia das Canciones y villanescas espirituales de Guerrero (1589).
Quer baseada no canto gregoriano – como a versão a quatro vozes da antífona Asperges me [faixa 2]-, quer num modelo polifônico, quer composta livremente, a música vocal de Magalhães é em grande medida caracterizada por um stile antico livremente adaptado, abarcando momentos de extrema pungência e de lirismo. Em seu único moteto que sobreviveu, o Comissa mea pavesco [faixa 20], a seis vozes, Magalhães surge como um mestre da expressividade, com o pathos do texto penitencial – muito particularmente nas palavras noli me condemnare [‘não queiras me condenar’] – expresso por dissonâncias intensas.
Das oito versões de Magalhães para a Missa Ordinária publicadas em seu Missarum Liber, a Missa a cinco vozes Ó Soberana Luz se destaca como a de estilo mais incomum. Ela é notável por suas fortes justaposições de passagens em um contraponto impassível com outras escritas com uma veia mais declamatória e ritmicamente animada, com mudanças súbitas de ritmo, caráter e distribuição de vozes – especialmente no Credo e nas palavras Dominus Deus Sabaoth do Sanctus – evocando o estilo de escrita antifonal do período.
Cada uma das seções principais se abre com um motivo capitular proeminente (mesmo se ás vezes sutilmente variado) que consiste de um tema ascendente em uma voz baixa em movimento contrário às duas vozes superiores que se movem em terças. Esses temas, juntamente com aqueles apresentados na primeira seção “Christe”, são entretecidos na textura da missa inteira (por vezes com o tema ascendente usado em imitação entre as vozes), resultando em uma estrutura unificada de artesania extremamente hábil. (Nesta gravação, os Kyries são cantados alternadamente com Kyries em canotchão tradicionalmente cantados nas festas marianas).
O moteto Ave Virgo Sanctissima para cinco vozes [faixa 11], de FRANCISCO GUERRERO (1528-1599) foi uma das peças da polifonia ibérica mais amplamente difundidos na Renascença. Foi publicado pela primeira vez em Paris em 1566 em um volume de missas dedicado a Dom Sebastião de Portugal. Nesse ano Guerrero viajou de Sevilha a Portugal para ofertar pessoalmente o volume ao jovem rei, ocasião em que teria encontrado Antonio Carreira, bem como outros músicos a serviço do rei.
Neste moteto as duas vozes de soprano são combinadas engenhosamente em cânon do começo ao fim, emprestando à peça uma expansividade suave típica de seus motetos escritos em mais de quatro vozes. Um clímax é atingido no meio do caminho na palavra “salve”, como a repetição cromática insistente do início do canto Salve Regina, produzindo uma passagem de extraordinária intensidade.
ESTÊVÃO DE BRITO (~1575-1641), um músico português que passou a maior parte de sua carreira na Espanha (em Badajoz e a partir de 1613 em Málaga, onde foi maestro de capilla na catedral) teria estudado com Magalhães. Seu Salve Regina [faixa 23] a quatro vozes parafraseia e usa imitativamente os contornos melódicos familiares dessa antífona mariana em cada um dos versos polifônicos, atingindo um clímax na súplica final ‘O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria’, onde o canto é ouvido em registro agudo na linha do soprano.
A música para órgão desempenhava muitas funções dentro do desenrolar da liturgia. Podia ser usada para marcar momentos de importância central na missa (como a Elevação), no acompanhamento de outros rituais litúrgicos substituindo itens de cantochão (como o Gradual e o Ofertório, ou versos e respostas executados de modo alternado), ou ainda como música processional.
Toda a música para órgão ouvida neste disco é de compositores que trabalharam da Capela Real de Lisboa durante os séculos 16 e 17, com exceção da peça anônima para a Elevação Obra de sexto tom para o Levantar o Deus [faixa 15] (adaptada de uma peça muito mais longa encontrada em um manuscrito em Braga). Esta obra é singular por ser a única em fontes organísticas portuguesas destinada especificamente à Elevação. É característico do estilo de música a ser tocada nesse ponto da missa que seja ‘grave, devoto e suave’.
Considerando a sólida reputação de ANTONIO CARREIRA entre os teóricos seus contemporâneos, é algo surpreendente que nada de sua música tenha sido publicada durante sua vida, e que as peças preservadas em manuscrito sejam tão pequenas. O Tento executado aqui [faixa 1] é típico da música organística ibérica de meados do século 16, sendo construído tanto com temas como se de motetos tratados imitativamente quanto com texturas animadas que empregam figuras sincopadas.
De DIEGO DE ALVARADO restaram somente duas peças para órgão. Sua um tanto cromática e modalmente aventurosa Obra sobre el Pange lingua [faixa 12] se baseia na frase inicial da versão tradicional desse hino tão popular na Península Ibérica na época (sobretudo na face hispânica).
A música de MANUEL RODRIGUES COELHO foi publicada em Lisboa em 1620 em uma coleção intitulada “Flores de Música” que foi dedicada a Felipe III da Espanha. Na tradição das “Obras de Música” de Antonio de Cabezón (1578), esta compilação é destinada tanto a harpistas quanto a tecladistas. Contém tentos longos, arranjos de hinos, versículos alternatim para o Kyrie, salmos e cânticos, e versos selecionados dos cânticos para voz solo com acompanhamento instrumental.
Como demonstrado pelas três peças incluídas neste disco, Coelho foi um mestre da técnica da fuga e do cantus firmus em pequena escala. O Verso sobre Ave Maris Stella [faixa 7], baseado no início desse hino mariano, é uma síntese bem-sucedida de contraponto fugal com figuração convencional para teclado, enquanto o versículo Ave Maris Stella [faixa 17], que aparece com texto na fonte, é um arranjo vívido e imaginativamente concebido da melodia completa do hino em cantus firmus. Já o versículo curto usado como resposta ao Ite missa est, que é cantado com a mesma melodia dos Kyries gregorianos, procede de um conjunto de versetos de Kyrie no primeiro tom [faixa 21]. (Bernadette Nelson, 1994 – extraído do encarte. Traduzido do inglês e do alemão pelo Prof. Ralf Rickli <[email protected]> especialmente para esta postagem. Não tem preço!)
Palhinha: ouça 20. Communion motet: Commissa mea pavesco com o Ars Nova Vocal Ensemble.
Masters of The Royal Chapel, Lisbon: A Capella Portugvesa
António Carreira (Lisbon, c1515-c1590) 01. Tento (Stephen Farr, organ)
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 02. Asperges me
Anonymous 03. (Chant) Introit: Salve sancta parens
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 04. Missa O soberana luz – Movement 1: Kyrie
05. Missa O soberana luz – Movement 2: Gloria
Anonymous 06. (Chant): Collect: Famulis tuis (soloist: Philip Cave)
Padre Manuel Rodrigues Coelho (1555 – 1635) 07. Gradual substitute: Verso sobre Ave maris stella
Anonymous 08. (Chant): Alleluia: Felix es
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 09. Missa O soberana luz – Movement 3: Credo
Anonymous 10. (Chant): Offertory: Beata es, Virgo Maria
Francisco Guerrero (Seville, 1528-1599) 11. Offertory motet: Ave virgo sanctissima
Diego de Alvarado (1570-1643) 12. Obra sobre el Pange lingua (Stephen Farr, organ)
Anonymous 13. (Chant): Preface: Per omnia saecula – Dominus vobiscum – Vere dignum et iustum est (soloist: Philip Cave)
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 14. Missa O soberana luz – Movement 4: Sanctus
Anonymous 15. At the elevation: Obra de sexto tom para o Levantar o Deus (Stephen Farr, organ)
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 16. Missa O soberana luz – Movement 5: Benedictus
Padre Manuel Rodrigues Coelho (1555 – 1635) 17. Ave maris stella (Stephen Farr, organ verset)
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 18. Missa O soberana luz – Movement 6: Agnus Dei
Anonymous 19. (Chant): Communion: Beata viscera
Filipe de Magalhães (Portugal, c1571-1652) 20. Communion motet: Commissa mea pavesco
Anonymous 21. (Chant) Dismissall: Ite missa est (soloist Robert MacDonald) – Deo gratias (Stephen Farr, organ)
Francisco Guerrero (Seville, 1528-1599) 22. La luz de vuestros ojos
Estêvão de Brito (Portugal, c1575-Spain, 1641) 23. Salve regina
Masters of The Royal Chapel, Lisbon – 1994
A Capella Portugvesa
Director: Owen Rees
Recorded in the Chapel of All Souls College, Oxford, and on the organ of The Queen’s College, Oxford, on 7, 8 and 9 January 1994.
Venho convidar a todos para as três apresentações do Requiem de Mozart no Teatro Bradesco. As récitas contarão com três breves palestras introdutórias minhas.
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Essas apresentações, que contam com o apoio do Música e Sociedade, estão ao cargo da Orquestra Acadêmica de São Paulo e do Coral da Cidade de São Paulo, sob a batuta do regente Luciano Camargo e acontecerão nos dias 29 e 30 de abril, às 21 horas, e no dia 1º de maio às 19:00. As palestras introdutórias acontecem uma hora antes.Espero vocês lá!
Orquestra Acadêmica de São Paulo
Coral da Cidade de São Paulo
Regência: Luciano Camargo
Solistas: Caroline De Comi, Marcela Rahal, Anibal Mancini e Guilherme de Oliveira
Realização: Associação Coral da Cidade de São Paulo
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Horários e local
Sábado, 29 de abril de 2017 – 21:00 (Palestra às 20:00)
Domingo, 30 de abril de 2017 – 19:00 (Palestra às 18:00)
Segunda-feira, 1º de maio de 2017 – 19:00 (Palestra às 18:00)
Para quem estiver em Minas Gerais nessa ocasião, convido-os para os eventos comemorativos dos 40 anos do Museu da Música de Mariana (MG), que serão realizados nessa cidade nos dias 6 e 7 de julho próximos.
O Museu da Música foi a primeira instituição criada especialmente para reunir e preservar manuscritos musicais brasileiros, de maneira ainda informal na década de 1960, mas oficializado em 6 de julho de 1973 pelo então Arcebispo de Mariana, Dom Oscar de Oliveira. Centro do maior projeto conjunto de edição e gravação de música antiga brasileira (o Projeto Acervo da Música Brasileira, patrocinado pela Petrobras, entre 2001-2003), o Museu da Música de Mariana desenvolve atualmente vários projetos artísticos e sociais, e recebeu, do Programa Memória do Mundo da UNESCO, em 2 de dezembro de 2011, o Registro Regional para a América Latina e o Caribe (MOWLAC), tornando-se, assim, a primeira instituição brasileira do gênero com esse tipo de distinção.
Segue abaixo o texto publicado na revista portuguesa de música Glosas, sobre a história e as atividades atuais do Museu da Música, e seu respectivo link.
A HISTÓRIA DOS 40 ANOS (E VÁRIOS SÉCULOS) DO MUSEU DA MÚSICA DE MARIANA
Prof. Paulo Castagna
.História de uma solução
O Museu da Música de Mariana, como tem sido popularmente chamado o Museu da Música do Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (Minas Gerais), celebra 40 anos de uma contribuição que, de várias maneiras, vem participando da construção cultural de brasileiros e portugueses. Sua história, no entanto, exibe uma complexa teia de relações, que fez desta instituição um centro pioneiro de recepção, preservação e difusão do patrimônio histórico-musical luso-brasileiro, que se encontra em franco desenvolvimento.
A origem do Museu da Música está associada a um problema inicialmente observado pelo musicólogo teuto-uruguaio Francisco Curt Lange (1903-1997), que realizou as primeiras investigações histórico-musicais em território brasileiro nas décadas de 1940 e 1950: a falta de pessoal especializado e, principalmente, de instituições locais destinadas ao cuidado e estudo de acervos de manuscritos musicais. A primeira solução adotada por Curt Lange foi, no entanto, discutível: o musicólogo obteve muitos manuscritos musicais com os quais se deparou nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, por compra ou por métodos obscuros, levando-os à sua residência, nessas décadas no Rio de Janeiro e em Montevidéu (Uruguai).
Mas se, nesse período, não havia no Brasil nenhuma instituição especificamente dedicada a esse tipo de acervo, ao menos nos moldes defendidos por Curt Lange, os manuscritos por ele recolhidos estavam sendo cada vez mais referidos no Brasil, principalmente a partir da primeira publicação de uma coletânea desse repertório (LANGE, 1951) e de sua primeira gravação, em 1958. Por outro lado, praticamente nenhum especialista, além dele próprio, tinha acesso a tais documentos, antes de sua transferência para o Museu da Inconfidência (Ouro Preto – MG) em 1983 e sua disponibilização pública na década seguinte.
Foi nesse contexto que se destacou o trabalho do terceiro arcebispo da Arquidiocese de Mariana, Dom Oscar de Oliveira (1912-1997). Desde o início de sua função arquiepiscopal, em 1960, Dom Oscar vinha tomando várias medidas referentes à preservação e acesso ao patrimônio histórico e artístico de sua região: em 1962 instituiu o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra e em 1965 o Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Até o final de sua atuação à frente da arquidiocese, em 1988, Dom Oscar fundou também o Museu do Livro (com o acervo da antiga Biblioteca dos Bispos de Mariana), o Museu dos Móveis, a Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana e a Fundação Marianense de Educação.
Mariana (figuras 01 a 03) é sede episcopal desde 1748 e a sexta diocese brasileira, depois das dioceses (ou bispados) da Bahia (1555), Rio de Janeiro (1676), Olinda (1676), Maranhão (1677) e Pará (1719), tendo sido elevada a arquidiocese em 1906. Primeira vila, cidade e capital de Minas Gerais, Mariana começou a se desenvolver economicamente em função da mineração aurífera, tornando-se região agropastoril no século XIX e, na recente fase industrial, um centro minerador de ferro.
A herança urbanística e eclesiástica de Mariana fez com que lá se concentrassem muitas reminiscências da antiga arte sacra (especialmente dos séculos XVIII e XIX), incluindo muitos manuscritos musicais e o conhecido órgão Arp Schnitger construído em Hamburgo (Alemanha) na primeira década do século XVIII e transferido para a catedral de Mariana em 1753.
Mudanças litúrgicas do século XX, no entanto, acarretaram uma sensível diminuição das atenções em relação ao repertório dos séculos anteriores, até o momento em que essa música começou a ser vista não apenas como componente litúrgico, mas também como patrimônio histórico. Quem pela primeira vez percebeu isso em Mariana foi Dom Oscar de Oliveira.
Desde sua consagração como arcebispo em 1960, Dom Oscar de Oliveira (figura 04) já manifestava especial interesse pela música sacra. Nesse mesmo ano publicou uma série de treze artigos com o título “Música sacra e liturgia” (OLIVEIRA, 1960), embora sem qualquer menção ao passado musical marianense. Em meio a tais iniciativas e sentindo a necessidade de uma ação também dirigida ao patrimônio histórico-musical, o arcebispo fundou em 1973 o Museu da Música, como parte do Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana. Principalmente constituído de manuscritos musicais, apesar de também contar com alguns instrumentos musicais, o Museu da Música acabou recebendo esse nome em decorrência das instituições anteriormente fundadas por Dom Oscar para a proteção do patrimônio histórico marianense, como o Museu de Arte Sacra e o Museu do Livro.
A fundação do Museu da Música foi uma solução criada por Dom Oscar para a falta de instituições brasileiras destinadas à preservação e estudo de manuscritos musicais. Tal solução, entretanto, foi o resultado de uma longa série de ações anteriores à sua oficialização, que inclui a tradição dos mestres da capela do século XVIII e a acumulação de manuscritos musicais na cidade durante o século XIX.
Quando assumiu a arquidiocese, ou talvez mesmo antes disso, Dom Oscar de Oliveira percebeu que a cúria marianense, à época instalada na igreja de São Pedro dos Clérigos (figura 05), guardava um precioso acervo de manuscritos musicais, muitos deles bastante antigos. O arcebispo manifestou publicamente o interesse por esse acervo em 1966, quando convidou o irmão marista Wagner Ribeiro a publicar o artigo “Visita ao maravilhoso reino da música antiga mariananese” no jornal O Arquidiocesano, texto que se tornou a mais antiga notícia hoje disponível sobre o acervo que deu origem ao Museu da Música.
Entre outros impressos e documentos, Wagner Ribeiro (1966) descreveu dezenove manuscritos musicais do acervo da cúria, chegando a apresentar o incipit musical (figura 06) da Antífona de Nossa Senhora Regina Cæli lætare de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), a partir de uma cópia de 1779 (figuras 07 e 08), o mais antigo manuscrito musical datado desse acervo. No ano seguinte, um artigo do mesmo jornal (VASCONCELLOS, 1967) já mencionava a existência de dois arquivistas musicais trabalhando na cúria: Aníbal Pedro Walter e Vicente Ângelo das Mercês. A partir desse período, o arcebispo estava firmemente decidido a cuidar desse acervo.
Mas qual foi a origem dos manuscritos musicais preservados na cúria de Mariana? A existência de uma tradição musical do século XVIII (CASTAGNA, 2004b) na matriz e depois catedral de Mariana (figura 09), associada à presença de várias cópias desse período no acervo encontrado por Dom Oscar, sugeriram a hipótese de que o acervo musical da cúria fosse o remanescente do antigo arquivo musical da catedral de Mariana, suposição apoiada pela existência de várias cópias com a indicação de propriedade “catedral” na página de rosto (figura 10).
De fato, vários documentos atestam a relação entre o arquivo musical catedralício e o acervo encontrado por Dom Oscar de Oliveira na cúria, como a “Lista das músicas pertencentes à Catedral”, de 1832 (figura 11), embora seja evidente que boa parte do repertório acumulado nessa igreja nos séculos XVIII e XIX tenha se perdido. Paralelamente, em 1882, o arcediago José de Souza Teles Guimarães (figura 12) doou à catedral de Mariana 164 músicas “dos melhores autores conhecidos, para uso da Catedral”, encaminhando “a lista nominal de todas as peças” e solicitando que “as ditas músicas sejam acondicionadas e zeladas de modo que se prestem ao fim proposto” (CASTAGNA, 2010). Essa “lista nominal” parece corresponder à “Lista Geral de Todas as Músicas” (figura 13) localizada no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, a qual exibe muitas correspondências com o antigo acervo musical da cúria e nos ajuda a esclarecer a origem de uma parte dos manuscritos preservados.
Não são conhecidos registros sobre a transferência do arquivo musical da catedral para a cúria, mas isso deve ter ocorrido após a promulgação do Motu Proprio Tra le sollecitudini (22 de novembro de 1903) do papa Pio X, que acarretou o desuso da maior parte do repertório sacro dos séculos XVIII e XIX, decorrente da depuração do “funesto influxo que sobre a arte sacra exerce a arte profana e teatral” solicitada pelo pontífice. Essa determinação foi amplamente conhecida pelo clero marianense, pois além de ter sido transcrita nas atas do cabido, foi impressa em Mariana poucos meses após sua assinatura em Roma (PIO X, 1904).
Pelo menos trezentas obras devem ter sido transferidas da catedral à cúria de Mariana no início do século XX, a julgar pelo atual conteúdo da seção mais antiga do Museu da Música. Entre elas, estão principalmente composições de autores afro-mineiros dos séculos XVIII e XIX, mas também algumas obras de autores portugueses mais antigos, com destaque para as quatro Paixões da Semana Santa escritas por Francisco Luís no século XVII. Fica assim evidente que, embora instituído há 40 anos, o Museu da Música de Mariana partiu de um repertório acumulado ao longo de três séculos – obviamente com muitas perdas e substituições – mas cujas raízes remontam à história musical portuguesa, europeia e católica. Nesse sentido, o acervo do Museu da Música é a reminiscência, no Brasil, de uma rede de difusão musical que iniciou-se na Europa e cruzou várias vezes o Atlântico, reunindo e mesclando estilos, tendências, origens, formas e funções.
A visão planejadora de Dom Oscar de Oliveira
Interessado em preservar toda essa documentação musical, o arcebispo Dom Oscar de Oliveira tomou duas medidas, ainda no final da década de 1960: a primeira delas foi convidar, para a função de arquivista musical, a professora Maria Ercely Coutinho (figura 14), que trabalhou na cúria, ainda na igreja de São Pedro dos Clérigos, de 1968 a 1972 (em substituição aos primeiros arquivistas Aníbal Pedro Walter e Vicente Ângelo das Mercês, que lá atuaram em 1967). A segunda foi solicitar às famílias de músicos que o arcebispo encontrava, durante as visitas episcopais às paróquias da arquidiocese, a doação de músicas à cúria de Mariana, o que ocorreu várias vezes a partir dessa época: o primeiro desses acervos foi oferecido em 1969 por José Henrique Ângelo, descendente de uma família de músicos da cidade de Barão de Cocais (MG)
O tamanho e a complexidade do acervo de Barão de Cocais tornou necessária a intervenção de um musicólogo com experiência na área, o que representou novo desafio ao arcebispo. Francisco Curt Lange, que já tinha conhecimento do acervo musical da cúria de Mariana, começou a oferecer seu trabalho a Dom Oscar de Oliveira em 1967 (CASTAGNA, 2005), mas este acabou aceitando a colaboração do padre José de Almeida Penalva (1924-2002) (figura 15), que já vinha trabalhando com manuscritos musicais em Campinas, sua cidade natal: o primeiro trabalho de Penalva como pesquisador havia sido impresso em 1955, mas a catalogação, em 1970, das obras de Carlos Gomes (1836-1896) no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (SP), foi a iniciativa que diretamente o conectou à pesquisa que realizaria em Mariana dois anos mais tarde (PROSSER, 2000: 227).
Em Mariana, José Penalva organizou e elaborou um catálogo do arquivo de José Henrique Ângelo, parcialmente publicado no jornal O Arquidiocesano em 1972 (figura 16), porém impresso em sua forma integral no ano seguinte na revista Cadernos, periódico do Studium Theologicum de Curitiba (PR), cidade na qual o padre Penalva passou a residir.
Com o encerramento do trabalho de Maria Ercely Coutinho e do Padre José de Almeida Penalva, em 1972, surgiu novamente a necessidade de contar com alguém que continuasse o trabalho por eles iniciado. Dom Oscar de Oliveira, em nova ação planejadora, aceitou a colaboração de Maria da Conceição de Rezende, então professora de História e Estética Musical na Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte (MG), que assumiu as tarefas de organização, catalogação e estudo do acervo por doze anos ininterruptos.
Conceição Rezende conviveu pouco tempo com Penalva e Coutinho em Mariana e logo passou a desenvolver praticamente sozinha sua tarefa, às vezes contando com o auxílio de músicos e professores de Mariana e de Belo Horizonte (CASTAGNA, 2004a). Poucas semanas após o início do trabalho de Conceição Rezende, naquele agitado ano de 1972, a catalogação dos manuscritos musicais da cúria (especialmente do século XVIII) motivou constantes reportagens na imprensa diária (figura 17), o que acabou dando ao acervo, a partir desse período, uma notoriedade nacional e internacional.
Foi depois de tudo isso que Dom Oscar de Oliveira fundou o Museu da Música, inaugurado em uma sala do novo edifício da Cúria e Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (figura 18) em 6 de julho de 1973 (figura 19), paradoxalmente sem a presença do arcebispo, cuja mãe havia falecido nessa mesma época. A partir de então, as notícias sobre o Museu da Música tornaram-se frequentes e as doações de manuscritos musicais aumentaram consideravelmente.
Utilizando a metodologia desenvolvida por José de Almeida Penalva, Maria da Conceição de Rezende passou a separá-los pela cidade de origem e por seis categorias funcionais: 1) Te Deum; 2) Ladainhas; 3) Ofícios e Novenas; 4) Missas; 5) Semana Santa; 6) Fúnebres. Assim, o acervo encontrado na cúria por Dom Oscar tornou-se a seção “Mariana”, enquanto o acervo estudado por José Penalva tornou-se a seção “Barão de Cocais”, cada um deles divididos em seis seções referentes à categorias acima mencionadas.
Na década de 1980, os papéis de música já eram procedentes de cerca de trinta cidades mineiras – felizmente registradas por Conceição Rezende – e sua organização estimulou várias ações relacionadas ao patrimônio histórico-musical brasileiro. Uma delas foi a microfilmagem de parte dos manuscritos do Museu da Música (cujos fotogramas encontram-se na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), para a elaboração do catálogo O ciclo do ouro, que relaciona manuscritos musicais e outros documentos históricos de onze acervos mineiros e cariocas (BARBOSA, 1978).
Conceição Rezende, no entanto, encerrou seu trabalho no Museu da Música durante o I Encontro Nacional de Pesquisa em Música (Mariana, julho de 1984), ocasião na qual Dom Oscar providenciou o registro jurídico da instituição, abrindo-o finalmente à pesquisa. Em função da falta de espaço, o Museu da Música acabou sendo transferido para o recém-inaugurado Palácio Arquiepiscopal, na Praça Gomes Freire (figura 20), em 1988 (mesmo ano em que Dom Oscar de Oliveira encerrou sua atuação como arcebispo de Mariana) e, ao lado do Museu do Livro, continuou recebendo pesquisadores e estimulando ações semelhantes nos anos seguintes (figuras 21 a 23).
Felizmente, Dom Oscar foi sucedido por Dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006), que não apenas manteve o acervo aberto à pesquisa no Palácio Arquiepiscopal, como também, à frente da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana, aceitou novas ações referentes à modernização e desenvolvimento do Museu da Música.
O Museu da Música de Mariana no século XXI
Um trabalho decisivo foi realizado no Museu da Música entre 2001 e 2003: o projeto “Acervo da Música Brasileira / Restauração e Difusão de Partituras”, da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana, financiado pela Petrobras e administrado pelo Santa Rosa Bureau Cultural (Belo Horizonte – MG). Nessa fase, foi constituída uma equipe de pesquisadores para continuar a organização do acervo (figuras 24 a 29) e elaborar um instrumento de busca eletrônico, além de editar nove álbuns de partituras e coordenar sua gravação por coros e orquestras de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
O projeto Acervo da Música Brasileira gerou novo interesse e maior visibilidade em relação ao Museu da Música, que passou a contar com outras ações e projetos destinados a aumentar a difusão social de seu acervo. Após a restauração do antigo Palácio dos Bispos de Mariana, entre 2004 e 2007 (figura 30), o Museu da Música foi para lá transferido, onde se encontra atualmente (figura 31). O novo espaço tornou a instituição apta a desenvolver atividades diferentes, como a recepção de grupos de visitantes e o oferecimento de aulas e apresentações musicais, o que ampliou consideravelmente seu significado cultural e social.
Desde então, além de continuar o trabalho técnico (figuras 32 e 33) e de receber pesquisadores, o Museu da Música de Mariana têm realizado projetos destinados não somente ao desenvolvimento da pesquisa musicológica, mas também ao desenvolvimento musical, com a manutenção de espaços para exposições (figuras 34 e 35), aulas e apresentações musicais, e a realização de projetos de apresentações públicas com obras de seu acervo em várias cidades mineiras. Além disso, o Museu da Música mantém o projeto “Aperfeiçoamento de Maestros e Regentes de Coro”, destinado a desenvolver localmente a prática da música coral e a multiplicar ações nessa área.
Em reconhecimento à importância de seu acervo de manuscritos musicais, mas também por conta dos projetos acima referidos, o Museu da Música de Mariana recebeu, do Programa Memória do Mundo da UNESCO, em 2 de dezembro de 2011, o Diploma do Registro Regional para a América Latina e o Caribe (MOWLAC), tornando-se, assim, a primeira instituição brasileira do gênero com esse tipo de distinção.
Apesar dos projetos anteriores de edição e gravação, a maior parte do acervo do Museu da Música de Mariana é desconhecido do público. Bastante variado, esse acervo inclui instrumentos musicais, documentos históricos, recortes de jornais, livros cerimoniais, bibliografia musicológica, manuscritos e impressos musicais. Entre os manuscritos – que constituem a maior parte do acervo – estão obras sacras de vários períodos históricos e uma grande seção de música dos séculos XIX e XX para banda, ainda em processo de catalogação. É grande o número de autores de música sacra representados no acervo, entre eles muitos brasileiros, como José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746?-1805), Manoel Dias de Oliveira (c.1735-1813), Francisco Gomes da Rocha (c.1754-1808), João de Deus de Castro Lobo (1794-1832) e José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), e vários europeus, como os portugueses Francisco Luís (?-1693), Antonio Leal Moreira (1758-1819) e Marcos Portugal (1762-1830).
Por outro lado, a herança portuguesa e africana da maior parte dos compositores brasileiros representados no acervo – sem contar a música dos autores europeus que se transferiram para o Brasil – torna o Museu da Música de Mariana uma instituição de significado internacional. Os projetos nele desenvolvidos não afetam apenas a cidade de Mariana e nem somente o meio musicológico brasileiro, mas difundem pelo mundo, especialmente de língua portuguesa, uma herança cultural que vem participando de nossa vivência cultural por via direta ou indireta.
O Museu da Música de Mariana tem estimulado o surgimento de instituições semelhantes em outras cidades brasileiras – como o Museu da Música de Timbó (SC),[2] inaugurado em 2004, e o Museu da Música de Itu (SP),[3] inaugurado em 2007 – e seu desenvolvimento foi importante na elaboração de outros projetos de conservação, organização, catalogação, edição e gravação de obras, no Brasil e fora dele. Mesmo assim, as ações dessa instituição estão longe de serem encerradas: o Museu da Música planeja, atualmente, a digitalização e disponibilização eletrônica de seu acervo e outras iniciativas igualmente impactantes relacionadas ao patrimônio histórico-musical brasileiro.
Vivemos, entretanto, em um período bastante diferente das décadas de 1940 a 1980, nas quais a falta de informações, de instituições e de oportunidades mobilizou centenas de pessoas para o trabalho técnico e acadêmico relacionado ao patrimônio histórico-musical. Na atualidade, os desafios são quase opostos aos daquela época, estando entre os principais o excesso de informações e que circula nas sociedades e a falta de significado humano de boa parte das ações institucionais.
Em virtude da total reconfiguração do Museu da Música de Mariana e dos projetos nele desenvolvidos nos últimos treze anos, essa instituição vem se preparando para uma nova atuação junto à sociedade, que não se restringe somente à abertura de seu acervo aos especialistas (o que será permanentemente mantido), mas que visa também o desenvolvimento cultural e social, com ações de interesse público relacionados ao seu acervo. Se o Museu da Música foi, no passado, uma instituição pioneira no cuidado de antigos acervos musicais por especialistas, seu futuro aponta agora para o cuidado de pessoas por meio da música antiga.
•Os links para baixar os9 CDs produzidos pelo MMM com músicas inéditas, em arquivos FLAC e MP3 320 kbps, com os respectivos encartes, podem ser encontrados AQUI, conforme forem sendo repostados.
Só agora — dia 14, 17h45 — vi esta postagem comemorativa preparada pelo Bisnaga. Ela ficará fixada no topo do blog no dia de hoje. Bem, como o grupo me chama de sumo-sacerdote, escrevo no topo da postagem-topo de hoje. Sou um chefe muito liberal, mas hoje vou tomar a precedência na marra. Confirmo o que o Bisnaga dirá a seguir: jamais imaginaria que nosso blog chegaria aos dez anos. É claro que era feriado no dia 15 de novembro de 2006. Naquela manhã, resolvi que abriria um repositório de música e o nome foi decidido em um minuto: eu seria o filho bastardo de Bach, PQP, irmão de CPE, WF, JC e outros dezessete. Nunca quis que este fosse um blog pessoal do gênero “eu e a música”. Tenho gostos muito pessoais e não desejava impô-los. E comecei a convidar amigos. Acho que FDP entrou ainda em 2006. Fazia apenas duas exigências: (1) que cada postagem tivesse uma explicação, uma espécie de curadoria que dissesse o que estava sendo postado, se prestava ou não e (2) que utilizássemos um tom leve, nada pomposo. Em meados deste ano, ameacei fechar o blog. A reação foi algo inesquecível. Só faltaram ameaças de morte ou suicídio. Eu simplesmente não podia fechar o blog. Parecia o poema de Drummond, as pessoas estavam desfechando tiros no peito, do meu quarto ouvia a fuzilaria. Pum pum pum, adeus, enjoado. Eu vou, tu ficas, mas nos veremos, seja no claro céu ou turvo inferno. OK, esqueçam isto. Saibam que conseguimos: a gente se diverte fazendo o PQP. Temos ideologia: a arte é filha da criatividade, da habilidade, do conhecimento, da inteligência e do artifício. E todos estes itens guardam parentesco maior com a alegria do que com a sisudez. Então sigamos assim, postando com bom humor e irreverência porque lá fora tá foda.
E agora, com vocês, Bisnaga.
Peguei uma postagem de 2011 e escrevo novamente sobre ela: naquele ano, o PQP.Bach estava fazendo 5 anos, era uma criança, agora chegou a festa de aniversário de DEZ anos: já é pré-adolescente…
No mesmo auspicioso dia de 15 de novembro, no quase-longínquo ano de 2006, o chefe e sumo-sacerdote deste blog lançava a semente deste que — duvido que ele imaginava — seria um dos maiores repositórios de música clássica de toda a esfera terrestre. Hoje o P.Q.P. Bach, imenso de quantidade, mas muito mais em qualidade, está sua décima aniversagem!
O projeto inicial de Peter Qualvoll Publizieren Bach (ou só P.Q.P. Bach), como ele mesmo dizia, “de polinizar beleza pela blogosfera e suas margens”, cresceu e ganhou adeptos. Talvez ele nem imaginasse a que tamanho a coisa ia chegar.
Atualmente (isso em 2011) o site conta com 13 membros: ao P.Q.P se uniram os amigos/parentes Clara Schumann, F.D.P. Bach, C.D.F. Bach e filhos renegados ou amados de outros brilhantes compositores, como Cícero Villa-Lobos (Ciço para os íntimos – nós – , ou só C.V.L.) e Marcelo Stravinsky (que chamamos aqui pelo apelido do da pelada de fim-de-semana: Strava); depois vieram o misterioso Blue Dog e os filósofos e pensadores, como o Monge Ranulfus, o professor latino Carlinus e o Mestre Avicenna; e, por fim (em 2011, gente…), chegaram outros contribuintes ao blog com suas belas coleções: Gabriel della Clarinet, Itadakimatsu, Raphael Cello e este Bisnaga que vos escreve a missiva.
De 2011 para cá, ganhamos novos reforços no time: o divertido Das Chucruten, o genial Vassily Genrikhovich, o Well Bach – um cara que entende mesmo de música – e o superdotado caçula (de tempo e de idade) da turma, Luke de Chevalier.
Alguns colegas não puderam nos acompanhar por mais tempo: Clara Schumann (temos remorsinho dela, que partiu sem deixar notícias e apagou as postagens…). CDF, CVL, Strava e Blue Dog, Gabriel, Raphael Cello, Chucruten e Vassily foram engolidos pelos afazeres da vida mundana e nos deixaram imensas saudades (ainda temos contato com eles) e muitas e belas postagens no ar. Eu (Bisnaga) e Itadakimatsu estamos parados (eu mesmo não consigo postar nada desde abril…), enroscados, mas sempre prometendo voltar: juramos de pés juntos que não abandonamos a blogosfera. De repente vocês vêem algum rompante de postagem de nossa parte. Quem está segurando mesmo o rojão é o pai-mestre-chefe-sumo-sacerdote PQP, o meninão Luke, FDP, Avis, Ranulfus e Carlinus…
Essa equipe, hoje pela manhã (dia 15 de novembro de 2016), com quem ficou e quem saiu, já tinha assinado nada menos 4.584 postagens que vão do erudito ao jazz, passando por uma imensa gama de influências dos ritmos e estilos populares na música.
A participação dos internautas apresenta-se em 35.048 comentários. Até este dia (às 11h da manhã), o número dos que visitaram o blog atingia, desde novembro de 2006 até a mudança de domínio em 2012, a singela conta de 3.254.118 acessos e, desde que passamos para o Sul21, somamos mais 2.895.797 acessos, ou seja, já contamos, em nossa trajetória, mais de 6 MILHÕES de usuários (IP’s) diferentes.
Esses internautas são amantes da música erudita/instrumental de 192 países, de todos os continentes. Sim, a maioria é de brasileiros, mas os estrangeiros respondem por 31% dos acessos, com certeza, não entendendo nada das gírias e expressões que utilizamos, pois não fazemos questão nenhuma de postar em outra língua que não seja o belo e melodioso português.
Sem preconceitos para com a música de lá ou de cá, desta época ou de períodos anteriores, as postagens trazem nada menos que 1.526 compositores de todas as partes do globo, do século XII até a atualidade, que são contemplados neste espaço.
Com tanta coisa aqui no P.Q.P. Bach, só posso dizer: Aproveite! Ouça! Deleite-se!
Bisnaga
Comentário do PQP em 2012:
Um pequeno adendo de PQP Bach: o blog teve um ano e meio de blogspot antes do opsblog. A contagem do Bisnaga não tem os números do blogspot que, aliás, nem eu tenho. O número de 3 milhões são de visitantes únicos e não de page views, OK? O que me deixou abobado foi o número de 847 compositores! Ah, tenho que colocar contadores decentes no blog, mas dá uma preguiça fazer essas coisas… É muito melhor ouvir música.
Ah, que bom! Já eram grandes as saudades deste coração pequepiano em poder colocar uma bandeirinha do Brasil em frente ao nome do compositor…
Faz uns meses que tenho me dedicado com mais afinco à música latina, especialmente a mexicana, mas agora o filho à casa torna.
E torno a dedicar-me à música da terra-mãe postando um dos compositores nacionais que mais aprecio: José de Lima Siqueira, o paraibano arretado criador de orquestras. Só para refrescar vossas memórias, Zé Siqueira fundou, por iniciativa própria ou em conjunto com outros colegas, a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro, a do Recife, a Orquestra Norte-Nordeste, a Orquestra de Câmara do Brasil, o Clube do Disco, a Ordem dos Músicos do Brasil e a Academia Brasileira de Música! Era um empreendedor nato, além de exímio condutor e elaborado compositor. Gênio!
O chato é que, por ser declaradamente comunista, ele foi aposentado precocemente, proibido de tocar e reger e foram proibidas execuções de música de sua autoria. Quiseram jogá-lo no ostracismo. Por isso é tão difícil encontrar gravações desse cara! Se não tivesse sido alijado pelo regime militar, conheceríamos muito mais obras suas.
De alguns anos para cá, no entanto, tem havido um esforço de se recuperar as peças de José Siqueira. Em julho do ano passado (2015), quando a Academia Brasileira de Música, da qual ele foi um dos fundadores, completou 70 anos, o concerto comemorativo foi inteiramente de obras dele, executadas com entusiasmo pela Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, sob a batuta da regente taiwanesa Apo Hsu (não me perguntem como se pronuncia o sobrenome dessa mulher…). Hsu vive em Taiwan e nos EUA, rege orquestras de ambos os países. Em Taiwan é regente de nada menos que a Orquestra Nacional… Então pode confiar: ela é boa!
Lembro que o que temos aqui não é um CD, mas um concerto completo que foi gravado (relaxem: a captação está muito boa) e convertido em áudio para os formatos FLAC e MP3. A orquestra de Barra Mansa executa o Concerto pra Orquestra de José Siqueira e sua 5ª Sinfonia, cognominada “Indígena“. Com essas obras, pode-se perceber que Siqueira tinha total domínio da formação e da composição orquestral: são duas peças muito bonitas, de inspiradas melodias, porém, difíceis, elaboradas, cheias das dissonâncias, que um compositor engajado no movimento moderno como ele primava por usar, na busca incessante por sonoridades ricas, que saíssem do “quadrado”.
Vale demais a audição! Ouça! Ouça! Ouça! Deleite-se!
Ainda colocamos o vídeo da Sinfonia Indígena pra vocês:
José Siqueira (1907-1985) Concerto para Orquestra e Sinfonia nº 5 “Indígena”
01. Concerto para orquestra, I. Allegro Enérgico
02. Concerto para orquestra, II. Adagio
03. Concerto para orquestra, III. Allegro Moderato
04. Sinfonia n.5 ‘Indígena’, I. Devagar – Allegro Moderato
05. Sinfonia n.5 ‘Indígena’, II. Andante
06. Sinfonia n.5 ‘Indígena’, III. Allegro non troppo
07. Sinfonia n.5 ‘Indígena’, IV. IV. Devagar – Allegro Moderato
Orquestra Sinfônica de Barra Mansa
Apo Hsu, regência
Sala Cecília Meireles, Escola de Música da UFRJ, Rio de Janeiro
08 de julho de 2015
Ô, tristeza… Chegamos ao fim desta viagem na bela sonoridade gerada na catedral de Puebla. A Coleção México Barroco – Puebla chega a seu encerramento retomando o classicismo, dedicando-se, pela segunda vez, como no volume 6, a Manuel Arenzana, compositor nascido e criado já no ambiente poblano e um dos autores transicionais que mais influência exerceu no México.
A obra de Arenzana é a ao mesmo tempo vibrante (característica por demais exacerbada na música dos países latinos, especialmente Itália, Espanha e Portugal) e elegante: alegre e limpa, precisa. é um prazer imenso de ouvi-la.
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Meu Deus! O que é este Te Deum do Arenzana!?
México Barroco / Puebla VIII
Manuel Arenzana (Puebla, México, c.1791-1821)
Maitines para la Virgen de Guadalupe
01. Invitatorio, Sancta Mater Dei genitrix
02. Responsorio primero, Vidi speciosam sicut columbam
03. Responsorio segundo, Quae est ista ascendit
04. Responsorio tercero, Quae est ista processit sicut sol
05. Responsorio cuarto, Signum magnum apparuit
06. Responsorio quinto, Quae est ista progreditur
07. Responsorio sexto, Elegi et sanctificavi locum istum
08. Responsorio séptimo, Felix namque
09. Responsorio octavo, Beatam me dicent omnes generationes
10. Te Deum laudamus
11. Te ergo quaesumus
Coro e Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Outra preciosidade que nos foi enviada por Camilo Di Giorgi! Não tem preço
É meio melancólico anunciar que esta linda coleção do México Barroco de Puebla está chegando aos finalmentes… Este é o penúltimo CD da série, que se encerra na sexta-feira.
Hoje, a coleção se volta novamente ao estrelado Juan Gutiérrez de Padilla (c.1590 – 1664), o compositor que abriu a série.
Como já vimos, Padilla era espanhol, malagenho. Em sua terra natal foi cantor da catedral ainda menino, depois organista e depois mestre de capela. Transferiu-se para Cádiz, onde também foi mestre de capela. Ficou pouco por lá, pois mudou-se para o México, quando foi contratado, em 1622, como mestre de capela auxiliar da Catedral de Puebla, por indicação do próprio mestre de então, Gaspar Fernández. Com a morte deste, em 1629, Padilla assumiu o cargo principal e o ocupou até o ano de sua morte, em 1664, deixando grade produção.
Ele compôs, entre credos, missas e villancicos, duas Maitines de Navidad. Uma em 1652 e outra no ano seguinte. A de 1653 é a obra que abre esta série e as primeiras maitines, do ano ano anterior são as peças contempladas hoje, de belo aspecto, delicadas e de fina elaboração.
Ouça! Ouça ! Deleite-se sem dó nem piedade!
Vai dizer que este villancico dos reis magos não é lindo ?
México Barroco / Puebla VII
Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, c.1590 – Puebla, México, 1664)
Maitines de Navidad, 1652
01. Villancico I, En la gloria de un portalillo
02. Villancico II, Al portal nos venimos todos
03. Villancico III, Niño hermoso de Belén
04. Villancico IV, Sol hermoso que naces del alba
05. Villancico V, Ensaladilla, Al establo más dichoso
06. Villancico VI, Jácara, Afuera, afuera pastores
07. Villancico VII, Va a ver al rey Perote
08. Villancico VIII, Calenda, a prevenciones del cielo
09. Villancico IX, De los reyes, Los tres reyes
10. Himno, Christus natus est nobis
Coro e Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Mais uma inestimável contribuição do internauta Camilo Di Giorgi!
O antepenúltimo volume desta coleção primorosa do México Barroco – Puebla chega ao classicismo, na verdade, a um dos primeiros compositores classicistas da Nova Espanha, Manuel Arenzana, que viria a influenciar gerações depois de si. Foi mestre de capela da Catedral de Puebla a partir de 1792 e, por isso, sua produção chega-nos neste álbum: na catedral se conservaram mais de cem composições suas, tanto sacras como profanas.
Arenzana ficou conhecido por sua música humorosa e elegante, aspectos que poderão ser ouvidos nos arquivos que lhes disponibilizamos.
E nossa equipe, sempre muito atenta aos anseios de nossos internautas/ouvintes, separou um petisco para que vocês morram de vontade de baixar. A obra é muito vibrante: já começa assim, com o Kyrie, ó:
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
México Barroco / Puebla VI
Manuel Arenzana (Puebla, México, c.1762 – 1821)
Missa en Re ‘La Grande’ , Dixit Dominus, Salve Regina
01. Missa en Re “La Grande”, I. Kyrie
02. Missa en Re “La Grande”, II. Gloria
03. Missa en Re “La Grande”, III. Laudamus te
04. Missa en Re “La Grande”, IV. Domine Deus
05. Missa en Re “La Grande”, V. Qui tollis peccata mundi
06. Missa en Re “La Grande”, VI. Quoniam tu solus sanctus
07. Missa en Re “La Grande”, VII. Cum Sancto Spiritu. Missa en Re “La Grande”, I. Amen
08. Missa en Re “La Grande”, VIII. Credo
09. Missa en Re “La Grande”, IX. Et incarnatus est
10. Missa en Re “La Grande”, X. Et resurrexit
11. Missa en Re “La Grande”, XI. Sanctus
12. Missa en Re “La Grande”, XII. Agnus Dei
13. Salve Regina a 4 para grande orquesta
14. Responsorio a Dúo para Nuestra Sra. de las Nieves
15. Dixit Dominus a 4
Coro e Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
O quinto volume da série México Barroco de Puebla volta para o século XVII e trata da influência de Flandres na música religiosa da Espanha e suas colônias.
Como assim? Sim, a cultura flamenca influenciou sobremaneira as artes no século XVI e essa influência se arrastou pela centúria seguinte. No caso da Espanha e, por conseguinte, do território que hoje configura o México, tudo começa com Carlos I, o rei d’Espanha nascido em Gantes, atual Bélgica, filho de pai flamenco e mãe castelhana, que viria a governar a união dos reinos de Aragão, Leão e Castela, formando a Espanha. A transferência de membros da corte e de artistas que seguiram junto à família de Carlos quando estes deixaram Flandres para assumirem o trono de Castela transformou a vida cultural ibérica, com ecos nas terras conquistadas nas Américas.
A música hispânica, ainda que de uma polifonia muito bem elaborada, era até então ainda bastante sisuda, católica e até medievalesca, mas ganhou novos contornos com a chegada de artistas criados nas liberais terras flamencas, que já estavam em pleno renascimento. Daí que surgem e se popularizam as batalhas, espécie de padrão musical marcado pelo embate de dois coros ou grupos instrumentais que se alternam, como em pergunta e resposta.
Esses e novos elementos compositivos chegam rapidamente nos domínios hispânicos de além-mar. Não por acaso, a peça central deste álbum de hoje é a Missa da Batalha do compositor já nascido em terras mexicanas Fabiano Ximeno Pérez (ou Pérez Ximeno, sei lá: aparece das duas formas). Ximeno nasceu e morreu na capital da Nova Espanha e foi mestre de capela da Catedral da Cidade do México. Seu contato com Puebla se deu quando lhe foi solicitado vistoriar a construção do órgão da sede episcopal poblana. Naquela cidade, compôs duas missas e mais algumas peças sacras, material que se conservou nos arquivos da diocese e que são-lhes hoje apresentados aqui.
Entremeadas à missa de Ximeno, estão obras para orquestra e para órgão de outros autores contemporâneos a ele, como Tielman Susato, Antonio de Cabezón,Clèment Janequin, Mateu Fletxa, e Joan Cabanilles, como ocorre nos CDs anteriores, autores cujas peças estão arquivadas na Catedral de Puebla e devem ter sido executadas no mesmo período, compondo o ambiente musical da época. O todo é muito bom!
Ouça! Ouça! Deleite-se
O Sactus de Ximeno e sua polifonia crescente, belíssima:
México Barroco / Puebla V
Fabián Ximeno Pérez
Missa de la Batalla
Tielman Susato (Soest, Alemanha, c. 1510 – Suécia, depois de 1570)
01. Pavana La Bataille Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
02. Tiento de 4º tono, sobre “Malheur me bat” de Ockeheim Fabián Ximeno Pérez (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
03. Missa de la Batalla, I. Kyrie
04. Missa de la Batalla, II. Gloria Mateu Fletxa “el Vell” (Pardes, França, 1481 – Poblet, Espanha, 1553)
05. Ensalada “La Justa” Anonimo
06. Al revuelo de una garza Fabián Ximeno Pérez (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
07. Missa de la Batalla, III. Credo Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
08. Tiento de 5º tono Clèment Janequin (Châtellerault, França, 1485- Paris,França, 1558)
09. Batalla Anonimo
10. Entrada Fabián Ximeno Pérez (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
11. Missa de la Batalla, IV. Sanctus Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
12. Tiento del 1º tono Fabián Ximeno Pérez (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
13. Missa de la Batalla, V. Agnus Dei Francisco Guerrero (Sevilha, Espanha, 1528 – 1599)
14. Ave virgo sanctissima Juan Bautista José Cabanilles (b. Algemesí, Espanha, 1644 – Valencia, Espanha, 1712)
15. Battalla Imperial
Coro e Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Áudios espetaculosamente cedidos pelo internauta Camilo Di Giorgi!
José de San Juan foi qualificado por seus contemporâneos como um músico proeminente de seu século, mas foi praticamente esquecido nos séculos seguintes, de modo que hoje é nome raro em execuções e gravações.
Sabemos que nasceu em Sigüenza, pequena cidade espanhola, onde começou seus estudos de canto, mudando-se ainda moço, aos 23 anos, para Madri, onde foi maestro do coro de meninos da Capela Real. Três anos depois passou a ser mestre de capela das Clarissas descalças da capital espanhola, local em que exerceu a atividade a partir de 1711. Viria a falecer 36 anos depois, estima-se, pois cessam os registros de seu nome.
Talvez tenha viajado para o Novo Mundo e vivido no México por algum tempo, suspeição de alguns pesquisadores devido à grande quantidade de obras suas depositadas na Catedral de Puebla, motivo pelo qual esta missa se inclui na coleção.
A Missa a Oito com violinos, tropas e clarins de José de San Juan demonstra as modificações estilísticas na música das igrejas espanholas e mexicanas com a chegada dos Bourbons ao trono hispânico (você perceberá diferença bem grande do ambiente musical dos três primeiros CDs da série, pois, além de tudo, passamos dos séculos XVI e XVII para o XVIII). O fato de encontrar essas peças no acervo da Catedral de Puebla mostra como a colônia caminhava, ao menos no cenário musical, bastante alinhada com o que se fazia na metrópole. À missa de San Juan ainda se interpõem em vários trechos, nesta gravação, as Sonatas de Clarines, de autor desconhecido, dando mais corpo ao conjunto e mostrando a versatilidade do portentoso órgão da Catedral poblana. Ainda são inseridos dois inspiradíssimos Dixit Dominus de San Juan: que coisa linda de se ouvir!
É muito bonito! Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Olha só que beleza o Glória deste álbum (faixas 03 a 11):
México Barroco / Puebla IV
José de San Juan
Missa a 8 com violines, tropas y clarines
Anonimo S. XVIII
01. Sonata de clarines José de San Juan (Sigüenza, Espanha, 1685 – Madri, Espanha, c.1747)
02. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, I. Kyrie
03. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, II. Gloria
04. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, III. Laudamus te
05. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, IV. Agimus te
06. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, V. Domine Deus Rex
07. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, VI. Domine Fili
08. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, VII. Domine Deus
09. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, VIII. Qui tollis peccata mundi
10. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, IX. Quoniam tu solus sanctus
11. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, X. Cum Sancto Spiritu Anonimo S. XVIII
12. Sonata de clarines José de San Juan (Sigüenza, Espanha, 1685 – Madri, Espanha, c.1747)
13. Dixit Dominus I, em Sol maior
14. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XI. Credo
15. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XII. Et incarnatus est
16. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XIII. Crucifixus
17. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XIV. Et resurrexit
18. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XV. Et iterum venturus est
19. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XVI. Et in Spiritum Sanctum Anonimo S. XVIII
20. Sonata de clarines José de San Juan (Sigüenza, Espanha, 1685 – Madri, Espanha, c.1747)
21. Missa a 8 com violines, tropas y clarines, XVII. Sanctus Anonimo S. XVIII
22. Sonata em Dó maior José de San Juan (Sigüenza, Espanha, 1685 – Madri, Espanha, c.1747)
23. Dixit Dominus II, em Sol maior
Irasema Terrazas,soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Flavio Becerra, tenor
Emilio Carsi, baixo
Antonio Baciero, órgão
Coro e Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Hoje, o principal mestre que se apresenta neste terceiro volume da série México Barroco de Puebla é Fabián Pérez Ximeno (ou Ximeno Pérez: em cada lugar encontro esses sobrenomes numa ordem diferente), compositor já nascido na Nova Espanha, organista da Catedral da Cidade do México, onde logrou ser mestre de capela no começo do século XVII. Ximeno foi compositor de numerosas missas, três Magnificat, dois motetos de Quaresma, um Dixit Dominus e de vários villancicos, muito populares em seu tempo.
Seguindo a lógica dos CDs antecessores na série, a sua Missa sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’ é intercalada à música de outros compositores de seu tempo, espanhóis ou radicados na na Espanha, como Antonio de Cabezón, Francisco Guerrero, Thomás de Santa María, Lluys Alberto de Gomez e Philippe Rogier, mais o italiano Julius de Modena. Essa intercalação de peças é propositalmente feita para demonstrar que a qualidade das obras compostas e executadas na América, ou seja, na colônia, não devia em nada ao que se fazia na Europa, na metrópole. Muito bem elaborada essa mescla, de rica sonoridade. Belo álbum!
Ouça! Ouça ! Deleite-se sem dó nem piedade!
Uma noção da beleza que vos aguarda,o Te Deum de Francisco Delgado (faixa 1):
México Barroco / Puebla III
Missa sobre el “Beatus Vir de Fray Xacinto”
Fabián Pérez Ximeno
Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
01. Himno Pange lingua de Urreda (glosado) Anônimo
02. Pange lingua Francisco Guerrero (Sevilha, Espanha, 1528 – 1599)
03. Canción a 5 FreiThomás de Santa María (Madri, Espanha, c.1510 – Valladolid, Espanha, 1570)
04. Fantasia Quarti toni / Missa a 11 de 4º tono Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
05. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, I. Kyrie
06. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, II. Gloria
07. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, III. Multiplicati sunt qui tribulant me Lluys Alberto de Gomez (Munguia, Espanha,c.1520 – Soria, Espanha, 1558)
08. Tres IV glosado Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
09. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, IV. Credo
10. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, V. Offertorium: Confitebor tibi Julius de Modena (Giulio Segniarabosco – Modena, Itália, 1498 – Roma, Itália, 1561)
11. Tiento XIX de cuarto tono Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
12. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, VI. Sanctus Philippe Rogier (Arras, França, c.1561 – Madri, Espanha, 1596)
13. Elevatio Cancion a 6 Fabián Pérez Ximeno (Cidade do México, México, c.1595 – 1654)
14. Missa a 11 de 4º tono sobre el ‘Beatus Vir de Fray Xacinto’, VII. Agnus Dei Lluys Alberto de Gomez (Munguia, Espanha,c.1520 – Soria, Espanha, 1558)
15. Tres IV glosado
Rafael Cárdenas, órgão
Ruth Escher, soprano
Cécile Gendron, soprano
Angelicum de Puebla
Schola Cantorum de Mexico
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Segundo álbum da série México Barroco de Puebla. A série avança e novas descobertas vão surgindo. Esse volume, creio que para ambientar a música de Juan Gutiérrez de Padillha, coloca, intercaladas à Missa Flos Campi, peças de outros compositores contemporâneos a ele, atuantes na segunda metade do século XVI e inícios do XVII, como Jacob Clemen Non Papa, António de Cabezón, Alonso Lobo e Frei Tomás de SantaMaría.
Ainda estamos na virada do século XVI para o XVII aqui. A coleção chegará a produções do começo do século XIX. Não é exatamente cronológica, mas é muito interessante ver, quando chegarmos aos 8 CDs completinhos, como a música foi se alterando. É quase uma narrativa do ambiente musical sacro de Puebla. A nós, brasileiros, resta uma pontinha de inveja do completo sistema organizacional das cidades da Nova Espanha já no começo do século XVII e de toda a estrutura que possuíam. Aqui parece que as coisas só deslancharam da metade do século XVIII pra frente…
A estrutura de disposição das peças deste álbum é muito bem concatenada, com a alternância de obras vocais a instrumentais, inseridas entre as partes da missa,criando um todo que, embora composto de criações de vários autores, é coeso e faz muito sentido. Muito bom, mesmo.
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Aqui,a faixa 3 para dar uma amostra:
México Barroco
Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
01. Tiento XXV de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
02. Gaudeamus omnes in Domino
03. Missa Ego flos campi: Kyrie
04. Missa Ego flos campi: Gloria Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
05. Fabordon y glosas del sexto tono: I. Ilano Jacobus Clemens Non Papa (Midelburg, Holanda, 1510 – Diksmuide, Bélgica, 1555)
06. Ego flos campi Francisco Soto de Langa (Langa, Itália, 1534 – Roma, Itália, 1619)
07. Tiento en 6 Alonso Lobo (Osuna, Espanha, c.1555 – Sevilha, Espanha, 1617)
08. Ego flos campi a 4 Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
09. Fabordon y glosas del sexto tono: II. Glosado en el tiple Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
10. Missa Ego flos campi: Alleluia Assumpta est
11. Missa Ego flos campi: Credo Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
12. Fabordon y glosas del sexto tono: III. Glosado en las voces intermedias
13. Fabordon y glosas del sexto tono: IV. Glosado en el baxo Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
14. Assumpta est Maria in caelum
15. Missa Ego flos campi: Sanctus Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
16. Fabordon y glosas del sexto tono: V. Glosado sobre el Pange lingua de Urreda Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
17. Missa Ego flos campi: Agnus Dei Anônimo
18. Fabordón glosado VI de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
19. Missa Ego flos campi: Beatam me dicent omnes generationes Frei Tomás de Santa María (Madri, Espanha, c.1510 – Valladolid, Espanha, 1570)
20. Fantasia Primi Toni Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
21. Salve Regina
Ruth Escher, soprano
Cecile Gendron, soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Flavio Becerra, tenor
Vladimir Gomez, tenor
Alfredo Mendoza, tenor
Rafael Cardenas, órgão
Coro de Niños Cantores de la Escuela Nacional de Música de la UNAM
Angelicum De Puebla
Schola Cantorum Mexico
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Regozijai, ó, valorosos internautas deste imenso repositório da beleza e do som! Que a vossos ávidos ouvidos seja dada a dádiva de conhecer mais e mais pérolas da música!
Digo-vos isto porque anuncio a primeira das oito postagens da coleção completa México Barroco – Puebla, que ficará disponível aqui no PQPBach para deleite auditivo vosso!
Esta proclamação, em toda sua pompa e júbilo, se dá porque este é o único sítio em toda a blogosfera que logrou disponibilizar todos os volumes da coleção, esta que apresenta-se na imagem abaixo e que inicia-se gloriosamente no dia de hoje, com postagens todas as terças e sextas:
Pompas à parte, o motivo desse estardalhaço todo é que o grupeto de CDs do México Barroco de Puebla é realmente difícil – melhor dizer impossível – de ser encontrado em sua totalidade para download por aí. Nem os blogues espanhóis ou mexicanos que frequentamos possuem todos os 8 CDs, nem mesmo o Amazon possui o volume VI para venda.
Reuni-los só foi possível porque conseguimos um arquivo FLAC aqui, um MP3 ali, um internauta nos mandou 3 volumes e outros dois nós mesmos compramos para completar. Fisicamente nem mesmo eu (Bisnaga) tenho a completude da série.
Mas do que se trata essa série?
Trata-se da música sacra produzida na Catedral de Puebla nos século XVII e XVIII. Puebla sempre, desde seus primeiros tempos, é um centro urbano importante e pujante do México, local que logo conheceu a riqueza, graças à grande quantidade de mão-de-obra indígena (sim, terrivelmente escravizada) e de largas jazidas de metais preciosos, que propiciaram o estabelecimento de uma sociedade complexa e bem estruturada que, por isso, pode financiar uma vida cultural intensa,que pouco ou nada devia a centros europeus.
É boa?
Sim, é boa por demais da conta! É resultado de um trabalho muito acurado do regente Benjamín Juárez Echenique, com instrumentos de época e ótima escolha de repertório.
Hoje, o compositor que veremos é Juan Gutiérrez de Padilla (c.1590 – 1664), espanhol nascido em Málaga. Lá foi cantor da catedral quando menino, passando a organista e depois mestre de capela. Logo transferiu-separa Cádiz, onde também foi mestre de capela, sendo muito apreciado no local. Pouco tempo depois de emigrar para a Nova Espanha (México), sua reputação o levou a ser contratado em 1622 como mestre de capela auxiliar da Catedral de Puebla, por indicação do próprio mestre de então, Gaspar Fernández. Com a morte deste, em 1629, Padilla assumiu o cargo principal e o ocupou até o ano de sua morte, em 1664, deixando grade produção.
A despeito das missas, credos e outras obras estritamente religiosas, chegaram até nós muitos villancicos de Padilla, obras de caráter mais popular, por ele carregadas de sentimento religioso, que é o que se apresenta nessas Maitines de Navidad.
Muito bonito!
Ouça! Ouça ! Deleite-se !
Ouça o delicado Christus Natus Est deste álbum (faixa 10):
México Barroco – Puebla 1
Maitines de Navidad, 1653, Juan Gutierrez de Padilla
Juan Gutiérrez de Padilla (c.1590 – 1664)
01. Villancico 1 – Alto Zagales
02. Villancico 2 – Jacara A la Jacara Jacarilla
03. Villancico 3 – No hay zagal como gilillo
04. Villancico 4 – Pues el cielo se viene a la choza
05. Villancico 5 – Romance. Oid, zagales atentos
06. Villancico 6 – Galego Si al nacer o mi nino
07. Villancico 7 – Romance, Calenda De carambanos el dia
08. Villancico 8 – Negriia, Ah, siolo Flasiquillo
09. Villancico 9 – De los Reyes. Albricias, Pastores
10. Himno – Christus natus est nobis
Marisa Canales, soprano
Martha Molinar, soprano
Ana Paula Abitia, mezzo-soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Alfredo Mendoza, tenor
Flavio Becerra, tenor
Vladimir Gomez, tenor
Angelicum de Puebla
Schola Cantorum de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Ontem mesmo foi ao ar o volume 1 desta deste grupeto de dois CDs (se quiser conferi-lo, está aqui), que era o único que eu possuía. E vocês devem entender bem como é ter apenas parte de uma mini-coleção que foi pensada como um conjunto, faltando-lhe membros, como se estivesse mutilada…
Bom, eu, cara de pau que sou, não titubeei: avisei que não tinha o Volume 2 e o pedi aos internautas. E qual não foi a minha surpresa ao abrir a caixa de e-mails e encontrar, em poucas horas, ainda na mesma manhã, duas mensagens com links para baixar o tal CD pedido, uma em mp3 e outra ainda em flac. O pessoal que frequenta essas paragens é muito eficiente!
Por isso, agradeçamos à solicitude dos internautas Miguel Jaritz (Argentina) e Roger Taouss-Schirmer (França). Muito obrigado, queridos! Muchas gracias! Merci beaucoup!
Graças a eles temos hoje acesso a belezas poéticas como o Clarines sonad:
“¡Clarines sonad!
¡Violines, tocad!
Y en sonoros voces,
en ecos veloces diga nuestro afán,
que a Marìa
se apluade este dia
y culto le da
quien culto le da!”
É a primeira faixa do CD, que já começa vibrante assim:
Desta vez, o Conjunto de Cámara de la Ciudad de México e o maestro Benjamín Juárez Echenique dedicaram todo o álbum a obras do compositor napolitano Ignacio de Jeruzalem, um dos mais importantes mestres de capela que passaram pela Catedral da Cidade do México. Jerusalem é muito vibrante, alegre, festivo,com aquele quê de animação típica dos latinos, lembrando,por horas, até Vivaldi. Muito Bom!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
México Barroco – volume 2
Ignacio de Jerusalem y Stella (Lecce, itália, 1707 – Cidade do México, 1769)
01. Clarines sonad
02. Sube a gozar, Señora
03. A la Milagrosa Escuela
04. Gorjeos trinando
05. Rompa la esfera
06. Si aleve fortuna
07. Dixit Dominus
08. Te Deum – Te Deum laudamus
09. Te Deum – Te Aeternum Patrem
10. Te Deum – Tibi omnes
11. Te Deum – Tibi cherubim
12. Te Deum – Sanctus
13. Te Deum – Te ergo quaesumus
14. Te Deum – In te Domine
15. Te Deum – Te aeterna fac
16. Te Deum – In te Domine
Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
Ciudad de México, 1996
Mais uma inestimável contribuição do musicólogo Prof. Paulo Castagna!
A música mexicana cada dia mais me espanta (favoravelmente) e me encanta!
E hoje apresentamos para vocês dois compositores importantíssimos daquele país fascinante: Francisco Delgado e Ignacio de Jerusalem, que estariam para o México como José Maurício Nunes Garcia e José Joaquim Lobo de Mesquita estão para o Brasil.
Francisco Delgado era, provavelmente, mexicano nato. Foi primeiro-violinista da Capela da Catedral da Cidade do México já na época pós-independência. Dedicou este Te Deum a São Felipe de Jesus, frei franciscano do século XVI martirizado no Japão, que viria a ser o primeiro santo nascido em terras mexicanas (canonizado em 1862). Sua obra possui muitas influências do período que se chamou de “classicismo novo-hispânico”, com muitas características da ópera e da música barroca napolitana, mas já com uma orquestração mais vertical, ou seja, com maior preponderância do tema desenvolvido pelo instrumento/naipe principal. Segundo alguns estudiosos, sua orquestração é bastante refinada e aproxima-se a compositores do classicismo,especialmente de Haydn.
Já a segunda parte do álbum dedica-se a um compositor mais gravado e conhecido: Ignacio de Jerusalem. Este já era napolitano mesmo: nasceu en Lecce, no Reino de Nápoles, e bem sabemos, depois de tantas postagens aqui neste auspicioso blogue, que a música italiana, especialmente napolitana, influenciou sobremaneira as coroas ibéricas, Espanha e Portugal e, por isso, cruzou o Atlântico, dando o tom a muitos compositores locais e outros que de lá vieram para cá. Jerusalem foi mestre de capela da Catedral da Cidade do México e sua música, positivamente comparada muitas vezes com as de Pergolesi, Scalatti e Bocherini, compositores que trabalharam para a corte madrilenha. Ele foi tido em seu tempo como um “milagre musical” e influenciou imensamente toda a cena sonora mexicana, a ponto de traços napolitanos serem encontrados em compositores mais recentes, como é o caso do nosso amigo acima, Francisco Delgado.
Mas a beleza dessas obras não seria tão evidente se a interpretação não fosse grande coisa…Mas é! É grande e precisa! Benjamín Echenique e seu Conjunto de Cámara de la Ciudad de México lograram evidenciar todo o colorido e a beleza da música desses dois compositores, numa execução primorosa (o que são os agudos límpidos dessa soprano, meu Deus!). Vale cada segundo da audição!
Ouça! Ouça ! Deleite-se sem dó nem piedade!
Uma noção da beleza que vos aguarda,o Te Deum de Francisco Delgado (faixa 1):
México Barroco
Francisco Delgado (Mexico, ca.1790-1849)
1. Te Deum para el Señor Felipe de Jesús Ignacio de Jerusalem y Stella (Lecce, itália, 1707 – Cidade do México, 1769)
2. Magnificat a dos Voces
3. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, I. Kyrie
4. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, II. Gloria
5. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, III. Credo
6. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, IV. Sanctus
Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
Ciudad de México, 1996
Tem no Amazon, aqui. Fonogramas deliciosamente cedidos pelo internauta Camilo Di Giorgi! Que os deuses o levem ao Nirvana!
Impressionante e belíssima essa Missa Mexicana executada pelo Harp Consort! Ainda, com o selo Harmonia Mundi, já era de se esperar que seria algo fenomenal, pois os caras não erram!
Bom, mas do que se trata? Não é exatamente uma missa, mas a Missa Ego Flos Campi, de Juán Gutierrez de Padilla (músico nascido em Málaga, Espanha, que se tornou mestre de capela em Puebla, México), intercalada de várias danças e músicas folclóricas contemporâneas a ela. Pode parecer estranho,mas o propósito deste álbum foi colocar a música de Padilla inserida dentro do contexto e da sonoridade – não só instrumental, mas ambiental, da sonoridade popular – do seu tempo, o século XVII.
No Amazon, um dos usuários fez uma leitura interessante do conjunto:
“Com ‘Missa Mexicana’ Andrew Lawrence-King e The Harp Consort propicia um dos discos mais alegres e instigantes da música antiga. Para um álbum que é ‘crossover’, no melhor sentido da palavra, eles tomam uma missa do século 17 e a justapõe com a música popular que a inspirou. A música é linda, profunda, elegante, sensual e apaixonada. (…) Além das harpas, gambas, violas, etc., que se poderia esperar da música deste período, o Harp Consort insere violões mexicanos, bajons, e até mesmo uma concha e um pau-de-chuva! O ritmo e o canto são soberbos, e Lawrence-King não só dirige o conjunto, mas oferece acompanhamento maravilhoso na harpa e no saltério. (…) O México de 1600 era uma rica mistura de etnias e culturas, e sua música reflete isso. A principal influência é a polifonia renascentista espanhola, mas há também a influência de imigrantes portugueses, nativos mexicanos (maias), e os africanos da Costa do Marfim, Guiné, e imigrantes de Porto Rico. Bem, há um contraste constante entre os mundos sagrado e secular. (…)
A ‘Missa Mexicana’ é faz música da mais alta integridade e não para ser desperdiçada. Além de amantes iniciantes na música clássica, eu recomendaria também este disco para as pessoas que vêm do “outro lado”, isto é, aqueles que podem não ser particularmente apreciadores de música clássica, mas que gostam de sons mais “tradicionais”, mexicanos ou latino-americanos. De qualquer maneira, este é um dos discos mais originais, criativos e divertidos que eu já ouvi em muito tempo, e ele merece ser um bestseller!!”
Entendeu? É do caraglio!!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Missa Mexicana
01. Villancico: Canten dos jilguerillos
02. Missa Ego flos campi: Kirie
03. Jácaras de la costa
04. Xácara: Los que fueren de buen gusto
05. Missa Ego flos campi: Gloria
06. Corrente Italiana
07. Xácara: A la xácara xacarilla
08. Missa Ego flos campi: Credo
09. Cumbées
10. Negrilla: A siolo flasiquiyo
11. Missa Ego flos campi: Sanctus
12. Marizápalos a lo humano: Marizápalos bajó una tarde
13. Marizápalos a lo divino: Serafin que con dulce harmonía
14. Diferencias sobre marizápalos
15. Missa Ego flos campi: Agnus dei
16. Guaracha: Convidando está la noche
Ah, Camargo Guarnieri!…
Cara fantástico, cuja obra é de robustez, elaboração e técnica ímpares! Mais centrado, não era um gênio porra-louca como Villa-Lobos, mas nem por isso menos genial.
Sobre Guarnieri falou Aron Copland, que o conheceu pessoalmente quando ele esteve nos Estados Unidos, no começo dos anos 1940:
Camargo Guarnieri, que agora está pelos trinta e cinco anos de idade, é na minha opinião o mais sensacional dos talentos ‘desconhecidos’ da América do Sul. Suas composições já bem numerosas deveriam ser muito mais conhecidas do que o são. Guarnieri é um compositor de verdade. Tem tudo o que é preciso – personalidade própria, uma técnica acabada e imaginação fecunda. Sua inspiração é mais ordenada que a de Villa-Lobos, mas não menos brasileira… O que mais me agrada na sua música é a sua expressão emotiva sadia – é uma exposição sincera do que um homem sente… Sabe como modelar uma forma, como orquestrar bem, como tratar eficientemente o baixo. O que atrai na música de Guarnieri é o seu calor e a imaginação que vibra com uma sensibilidade profundamente brasileira. É, na sua expressão mais apurada, a música de um continente ‘novo’, cheia de sabor e de frescura.
Toda sua obra é densa e bem acabada, e muitas de suas peças para piano, destaques desta postagem (que não leva um álbum junto), estão entre suas mais bem elaboradas.
E como nós fazemos de tudo pra espalhar a bela música por este mundão de meu Deus, o PQPBach tem hoje o orgulho e a satisfação de disponibilizar, por meios próprios (vão ficar lá no PQPShare), SETENTA e SETE partituras de peças para piano solo do nosso compositor.
Agradeçam o mano CVL, colega pequepiano, entusiasta da música nacional, que deixou há uns anos de postar por estes lados, mas que mantém contato constante com a gente e nos passou essas maravilhas.
Baixem, espalhem, compartilhem, passem para seus amigos pianistas!
Temos que conhecer e ouvir mais as obras desse cara!
Camargo Guarnieri (1907-1993)
77 peças para piano solo
01. Dança Selvagem
02. Dansa Negra
03. Estudos para Piano, 01 a 05
04. Estudos para Piano, 06 a 10
05. Estudos para Piano, 11 a 15
06. Improviso II
07. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 01 a 10)
08. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 11 a 20)
09. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 21 a 30)
10. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 31 a 40)
11. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 41 a 50)
12. Sonata para piano (parte 1)
13. Sonata para piano (parte 2)
14. Sonatina Nº 1 para piano
15. Sonatina Nº 2 para piano
16. Sonatina Nº 3 para piano
17. Sonatina Nº 4 para piano
18. Sonatina Nº 5 para piano
19. Sonatina Nº 6 para piano
20. Sonatina Nº 7 para piano
21. Sonatina Nº 8 para piano
22. Suite Mirim
23. Toccata para piano
O Movimento Armorial foi uma das coisas mais fenomenais que ocorreram no Brasil. Como nasceu em Pernambuco, não teve muita cobertura dos meios de comunicação nacionais, concentrados no eixo Rio-São Paulo,mas não perde em nada em robustez, propostas e inovação que a Tropicália. Ouso dizer que o Armorial foi mais abrangente, pois abraçou a pintura, escultura, gravura, literatura, design e, o que nos interessa mais neste blogue, a música!
Uma definição boa e didática do movimento é a da Lúcia Gaspar, Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco:
“A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975. O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco. Teve início no âmbito universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Foi lançado oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade. Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País. Segundo Suassuna, sendo “armorial” o conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica é uma arte muito mais popular do que qualquer coisa. Desse modo, o nome adotado significou o desejo de ligação com essas heráldicas raízes culturais brasileiras. O Movimento tem interesse pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema. Uma grande importância é dada aos folhetos do romanceiro popular nordestino, a chamada literatura de cordel, por achar que neles se encontram a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as aspirações e o espírito do povo brasileiro, além de reunir três formas de arte: as narrativas de sua poesia, a xilogravura, que ilustra suas capas e a música, através do canto dos seus versos, acompanhada por viola ou rabeca. São também importantes para o Movimento Armorial, os espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens míticas, cantos, roupagens principescas feitas a partir de farrapos, músicas, animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi. O mamulengo ou teatro de bonecos nordestino também é uma fonte de inspiração para o Movimento, que procura além da dramaturgia, um modo brasileiro de encenação e representação. Congrega nomes importantes da cultura pernambucana. Além do próprio Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Raimundo Carrero, Gilvan Samico, entre outros, além de grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial de Câmara, a Orquestra Romançal e o Quinteto Armorial.”
Conheça! Espalhe a notícia!
CEPE – Companhia Editora de Pernambuco (1894-1979)
Partituras Armoriais, com obras de:
01. Antônio José Madureira
02. Benny Wolkoff
03. Henrique Annes
04. Clóvis Pereira
05. Cussy de Almeida
06. Jarbas Maciel
07. José Tavares de Amorim
08. Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba)
09. Waldemar de Almeida
A música Brasileira é imensa, em variedade, riqueza e qualidade, mas como é difícil encontrar as partituras quando resolvemos executar alguma peça nacional, não?
Por isso o P.Q.P.Bach fez essa sexta edição de links de partituras, voltada especificamente para os autores brasileiros, para que você encontre as partes que deseja e, de quebra, descubra outras peças maravilhosas que até então desconhecia.
Mergulhe nos 138 (cento e trinta e oito !!! ) links, nas bibliotecas, nos museus e nos acervos virtuais, deleite-se e deleite aos demais com sua, com nossa música!
ACERVOS DIGITAIS NACIONAIS
♦ Biblioteca Nacional Digital – aqui – here
O Brasil pode orgulhar-se de possuir uma das maiores bibliotecas do mundo: a Fundação Biblioteca Nacional é a 7ª maior biblioteca nacional do globo. A Fundação vem digitalizando seu acervo e o resultado disto é que até a data desta postagem, já havia 1286 partituras disponíveis para visualização e download. Lindo!
♦ Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – aqui – here
Não é um site de partituras, em si, mas há muitos trabalhos acadêmicos de análise de obras de compositores brasileiros, com transcrições das partituras de suas músicas (eu mesmo já encontrei uma música de Alberto Nepomuceno que procurava há anos). Todas as teses e dissertações defendidas atualmente pelo sistema de universidades federais e de algumas estaduais está disponível aí. Os textos estão na íntegra, em PDF.
♦ Biblioteca Virtual de Partituras Musicais – aqui – here Esta biblioteca eletrônica é uma das mais antigas e persistentes do gênero em atividade no Brasil. Começou em 1996 hospedado no Departamento de Física da UFMG. Uma reformulação deste portal inicia-se em 2011 para comemorar os 15 anos de atividade contínua. Conta atualmente com obras de 117 compositores, entre nacionais e internacionais.
♦ Thesaurus Musicae Brasiliensis – aqui – here Catálogo de manuscritos musicais presentes no acervo do Maestro Vespasiano Gregório dos Santos. Dedicado aos nossos maravilhosos compositores de música sacra colonial, possui referência bibliográfica.
♦ Musica Brasilis – aqui – here A difusão de partituras é o principal objetivo do Musica Brasilis. A iniciativa começou em 2009, com a edição das 218 peças de Nazareth para piano, pela primeira vez disponibilizadas na íntegra pela web. Ao mesmo tempo, investiu-se na edição de obra de compositores atuantes na corte de D. João, como José Maurício Nunes Garcia, Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. A parceria com a Academia Brasileira de Música possibilita que sejam mostradas as primeiras páginas de todas as obras editadas para o Banco de Partituras. Recentemente conseguiu-se a aquisição de edições de obras de Alberto Nepomuceno, Henrique Oswald, Glauco Velasquez e Luciano Gallet. Contam, no começo de 2016,com obras de 145 compositores, de Nunes Garcia a Luiz Gonzaga.
♦ Academia Brasileira de Música – aqui – here Possui grande acervo de partituras de 93 compositores nacionais. É necessário encomendar a cópia e pagar por ela, mas os valores não são altos.
♦ Instituto Moreira Salles – aqui – here
Um dos mais respeitados institutos culturais do Brasil e possuidor de coleções preciosíssimas como as de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Hekel Tavares, também disponibiliza as partituras para consulta e download.
♦ Portal Sesc de Partituras – aqui – here
Obras de alguns dos mais importantes compositores brasileiros, de diversos períodos e regiões do país. Mais de 2 mil partituras organizadas por título, autor, formação do grupo ou instrumento.
♦ CEPE Partituras – aqui – here
A Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) editou e disponibilizou recentemente e de forma gratuita partituras de alguns compositores do Movimento Armorial.
♦ Clavedesul – aqui – here
Site com mais de 47 mil partituras de música brasileira, a maior parte de MPB, mas com algumas coisa de compositores eruditos.
♦ Solano – aqui – here
Mais de 16 mil partituras nacionais e internacionais.
♦ Partituras no formato .enc – aqui – here
Partituras de vários compositores. Entre eles, Padre José Maurício e Villa-Lobos.
ACERVOS DIGITAIS INTERNACIONAIS
♦ ChoralWiki / CPDL, Choral Public Domain Library – aqui – here Um dos melhores sites de partituras de domínio público é o ChoralWiki, sede da Choral Public Domain Library (CPDL). Fundado em dezembro de 1998, o CPDL é um dos maiores portais de partituras musicais gratuitas do mundo. Você pode usar o CPDL para encontrar partituras, textos, traduções e informações sobre compositores. Até o momento desta postagem, possui 16.470 partituras de 2.237 compositores. Nossos brilhantes compositores de música clássica estão presentes no ChoralWiki.
♦ IMSLP, International Music Score Library Project – aqui – here É o maior banco de partituras do mundo! Todo músico deve conhecê-lo. O acervo está disponível em PDF para ser baixado. São 22.109 obras, por 2.648 compositores, com partituras de brasileiros como Nunes Garcia, Lobo de Mesquita, Carlos Gomes e Alberto Nepomuceno.
♦ ScorSer – aqui – here Grande base de dados internacional de partituras.
AUTORES
Sites oficiais dos compositores, ou dedicados a eles. Em alguns casos, colocamos os arquivos onde se encontra a maior parte de suas obras. Estão organizados por ordem alfabética, pelo nome completo.
♦ Dicionário Cravo Albin de Música Brasileira – aqui – here Criado para ser um dicionário de compositores da MPB, expandiu seu rol de compositores e contempla um número imenso de autores eruditos: para saber mais sobre os compositores do Brasil.
♦ Alberto Nepomuceno – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ André da Silva Gomes – aqui – here A maior parte de suas composições encontra-se no Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva, da Arquidiocese de São Paulo.
♦ Antonio Carlos Gomes – aqui – here A quase totalidade de seu acervo encontra-se no museu que leva seu nome, em Campinas – SP. Há obras também em Belém e Milão (Itália).
♦ Antonio Carlos Jobim – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Brasílio Itiberê da Cunha – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Chiquinha Gonzaga – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelos pianistas Alexandre Dias e Wanderlei Braga e estão disponíveis para download. São 242 peças.
♦ Cláudio Santoro – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ César Guerra-Peixe – aqui – here (a) e também aqui – here (b) (a) Site oficial do compositor.
(b) Parte do acervo autógrafo do compositor que encontra-se na Biblioteca Nacional.
♦ Eduardo Souto – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 242 peças.
♦ Elias Álvares Lobo – aqui – here De seu acervo, grande parte encontra-se no Museu da Música de Itu – SP.
♦ Ernesto Nazareth – aqui – here (a) e também aqui – here (b)(a) Página em homenagem ao compositor, feita pelo Instituto Moreira Salles por ocasião do seu sesquicentenário de nascimento em 2013.
(b) Site oficial do compositor.
♦ Francisco Braga – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Francisco Mignone – aqui – here (a) e também aqui – here (b) (a) Seu acervo, assim como o de Camargo Guarnieri, foi doado por sua viúva ao IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros).
(b) Há também uma parte de sua obra na Biblioteca Nacional.
♦ Glauco Velázquez – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Harry Crowl – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Heitor Villa-Lobos – aqui – here Suas obras estão organizadas e catalogadas no museu que leva seu nome, no Rio de Janeiro.
♦ Henrique Alves de Mesquita – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 127 peças.
♦ Henrique Oswald – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Jacob do Bandolim – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ José Maurício Nunes Garcia – aqui – here Site oficial do compositor. Suas obras encontram-se no Arquivo de Cleofe Person Mattos e no Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro.
♦ João Baptista Siqueira – aqui – here Sua obra, partituras, gravações e documentos pessoais foram doados à Biblioteca da Escola de Música da UFRJ.
♦ José Carlos Amaral Vieira – aqui – here Site oficial do pianista e compositor.
♦ José Pedro de Sant’Anna Gomes – aqui – here Irmão de Carlos Gomes, suas obras estão arquivadas no Museu Carlos Gomes, em Campinas.
♦ José Siqueira – aqui – here Sua obra, partituras, gravações e documentos pessoais foram doados à Biblioteca da Escola de Música da UFRJ.
♦ Luciano Galet – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Manoel José Gomes – aqui – here Pai de Carlos Gomes, suas obras estão arquivadas no Museu Carlos Gomes, em Campinas.
♦ Marlos Nobre – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Mozart Camargo Guarnieri – aqui – here Seu acervo foi doado por sua viúva ao IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros).
O PQPBach também disponibiliza, em seu repositório pessoal (PQPShare), partituras de 77 peças para piano solo do compositor, aqui – here.
♦ Oscar Lorenzo Fernandez – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Radamés Gnattali – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Zequinha de Abreu – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 120 peças.
MUSEUS / CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO / BIBLIOTECAS HISTÓRICAS
Arquivos de particulares, museus dos compositores, acervos históricos com partituras e muito mais.
♦ Acervo de Música da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) – aqui – here Em meio aos seus nove milhões de Volumes, a Biblioteca Nacional possui um acervo invejável de partituras e gravações, muitas das quais digitalizadas.
♦ Museu de Música de Mariana – aqui – here Partituras, músicas para baixar (todas já postadas aquí), muito sobre os compositores da época colonial.
♦ Acervo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro – aqui – here Disponibiliza reproduções fac-similares de mais de 20 mil imagens de Antífonas, Hinos, Matinas, Missas, Novenas e Salmos da autoria de José Maurício Nunes Garcia, Damião Barbosa de Araújo, Francisco Manuel da Silva e Dom Pedro I, além de figuras de considerável ressonância internacional, como o italiano David Perez, o português Marcos Portugal e o austríaco Sigismund Neukomm.
♦ Acervo Cleofe Person Mattos (Rio de Janeiro) – aqui – here O arquivo privado da musicóloga, educadora e regente Cleofe Person de Mattos (1913-2002) compreende os documentos por ela produzidos e acumulados no decorrer de mais de seis décadas, tendo como foco principal as obras do Padre José Maurício Nunes Garcia.
♦ Museu da Inconfidência (Ouro Preto) – aqui – here
♦ Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Recife) – aqui – here
♦ Museu da Imagem e do Som de São Paulo – aqui – here
♦ Museu Imperial (Petrópolis) – aqui – here Possui coleção de partituras de Carlos Gomes e outros compositores brasileiros do sáculo XIX
♦ Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro – aqui – here
♦ Museu Villa-Lobos (Rio de Janeiro) – aqui – here
ARQUIVOS ECLESIÁSTICOS
No período Colonial e um tanto no período Imperial, a música composta no Brasil concentrava-se em obras para eventos religiosos. Além do mais, as partituras de música profana não foram arquivadas e guardadas, como ocorreu com a música sacra. Por isso, é nos arquivos de igrejas e dioceses que porventura se preservaram bons acervos de música nacional antiga. Não custa nada consultar esses locais. Como seria loucura colocar todas as 272 dioceses do Brasil aqui, elencamos os sites de todas as 12 dioceses/arquidioceses criadas no Brasil na Colônia ou no Império.
♦ Arquidiocese de São Salvador da Bahia (1551) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Olinda e Recife (1676) – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (1676) – Acervo do Cabido Metropolitano – aqui – here
♦ Arquivo da Catedral do Rio de Janeiro – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Luís do Maranhão (1677) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Belém do Pará (1719) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Mariana (1745) / Museu de Música de Mariana – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Paulo (1745) – Arq. Metropolitano Dom Duarte – aqui – here
CURSOS SUP. DE MÚSICA / UNIVERSIDADES / CONSERVATÓRIOS
Acervos físicos de partituras. Organizamos aqui por Estado-Cidade. Se você mora em uma dessas cidades, não custa nada dar uma pesquisada nesses locais, pois esses acervos são, em sua quase totalidade, de acesso público: qualquer pessoa pode consultar. Aproveite!
GO – Goiânia ♦ UFG, Universidade Federal de Goiás – Escola de Música e Artes Cênicas – Base de Dados da Biblioteca
MA – São Luís ♦ UFPA, Universidade Federal do Pará – Centro de Ciências Humanas – Base de Dados da Biblioteca ♦ UEMA, Universidade Estadual do Maranhão – Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais – Base de Dados da Biblioteca
Música e sociedade Um site único Pensar a arte musical Relações históricas Desafios
Vale a pena conferir!
Música e Sociedade é um projeto que tem como objetivo pensar a arte musical nas suas profundas relações históricas com a sociedade e como superar os desafios que esta relação propõe nos dias de hoje.
Rebello Alvarenga é o idealizador, criador e proprietário do Música e Sociedade, resultado de uma ampla e densa pesquisa acerca do universo musical pelo prisma da sociedade. Estudou licenciatura em música no Instituto de Artes da UNESP. É também professor nas áreas de composição, piano, história da música e trilha sonora, ministrando uma série de cursos e palestras nestas áreas. É autor de dezenas de trilhas sonoras para as mais diversas mídias, tais como teatro, cinema e dança, além de compositor de música de concerto em uma extensa variedade de gêneros.
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